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22 de fevereiro de 2015

o Mago. - Fernando Morais, 2008.



Morais, de forma romanceada (a meu ver) conta a trajetória de Paulo Coelho, um inegável sucesso mundial de vendas de livros. Com a anuência do biografado, o autor mostra todo o seu histórico talento em  pesquisar e condensar momentos de uma vida.

Indico a leitura do “romance” a todos que gostem de tentar entender como sempre funcionaram os meios de comunicações em massa, pois as ideias são difundidas de todas as formas para o bem de “alguém”, sendo assim quando o poder financeiro é pequeno se faz o “porta a porta” por meio de distribuição de pequenos folhetos nas filas (de teatros... de bancos,  etc) e quando este mesmo poder financeiro é grande a ideia é distribuída via anúncios de Tv,  capas de revistas, outdoors dos mais variados etc. Sempre com o mesmo objetivo: Vender.

E vender não aceita regras diferentes de lucrar, assim um obstinado por um sonho tem que se valer de todos os artifícios para vencer na sua carreira, com isso muitas vezes se “esquece” da ética, da sobriedade da responsabilidade. O  livro  tem este lado positivo, não esconde os muitos “equívocos” do biografado, mostra um ser humano persistente, que depois de cada derrota vive “seu inferno particular”, que dura um tempo, mas sempre dá lugar para novas tentativas. É como se ele mesmo seguisse o conselho de seu “inimigo íntimo” Raul Seixas: Tente outra vez!
A conclusão do livro fica por conta do leitor que (se quiser) pode decidir se o biografado afinal conseguiu realizar seu sonho juvenil de ser um grande escritor, ou se da maneira equivocada que sempre usou para resolver suas questões conseguiu o que seria possível para ele: Ser uma celebridade. Leia e decida se quiser.

Ainda é fevereiro e já terminei de ler o Mago de Fernando Morais, dois livros em um mês? Novidade... na verdade seriam três, pois entre  As crônicas de Nárnia (post anterior) e este lí também “ Tudo o que você pensa, pense ao contrário” de Paul Arden, porem o livreto de Arden é só uma coletânea de pensamentos, que apesar de interessantes, são superficiais e nem merece ser considerado um livro, é um rápido passatempo. Ao contrario disto o Mago é sim um livro de verdade. Veja um trechinho abaixo.


“Até escrever o Diário de um Mago, porém, o garoto magricela criado nos bairros do Botafogo e da Gávea, no Rio, percorreria uma trajetória mirabolante. Aluno rebelde e relapso, sob os rigores de um pai severíssimo e implacável, acabou sendo internado à força por três vezes num hospício, e submetido a brutais sessões de eletrochoque. Confuso com sua própria identidade sexual, tomou a iniciativa de ir para a cama com homens, para só então decidir que aquele não era seu caminho. O jovem com tantas dificuldades para lidar com as mulheres na adolescência daria lugar, depois de adulto, a um colecionador de conquistas amorosas - algumas das quais transbordariam para a mídia. Fez de tudo nesse terreno, como participar de orgias e praticar sexo com uma garota num cemitério. Sua peculiar forma de encarar e relacionar-se com as mulheres não impediu, nem impede, que mantenha um sólido casamento de 28 anos com a artista plástica Christina Oiticica, de quem, assegura ele, nada nem ninguém fará "jamais" com que se separe. O homem que há mais de três décadas deixou a cocaína e há muitos anos não fuma maconha chegou a mergulhar fundo, e por muito tempo, no mundo das drogas, sem excluir praticamente nada. O tédio diante dos estudos formais, razão de seu permanente insucesso escolar, não impediu que Paulo se tornasse voraz consumidor de livros. (Fernando Morais)

15 de fevereiro de 2015

As Crônicas de Nárnia.



Era uma vez... rs! É por aí... Fantasia!  Porem sem  deixar de lado a crença  do autor e uma estreita ligação com fatos interessantes da realidade, porem  só percebemos todo o enredo “realista” (dentro do mundo “maravilhosos”)quando estamos na última crônica do livro.
Terminei de ler e recomendo a leitura aos que ainda não se aventuraram na terra de Aslam, via os filmes, apesar que em filmes não temos a oportunidade de sentir uma visão mais apurada de toda a historia, afinal é tudo muito mais rápido e além de perdermos pequenos detalhes que tem grandes significâncias “vemos” a visão do diretor e não do autor (se é que isso é possível, pois ao ler, misturamos nosso próprios conhecimentos ao texto).
Para mim, o penúltimo livro a ser escrito deve ter sido o que vem primeiro na coletânea, que é “o sobrinho do mago”, porque ele explica todos os outros, daí quem só viu os filmes de certa forma “perde” o começo da trama, creio que o ultimo livro, que se chama a última batalha deve ter sido realmente o ultimo a ser escrito, para “encaixar” a sequência correta e finalizar, afinal nada dura para sempre, nem Nárnia (?)!
Destaquei o último porque ele, de forma naturalmente maravilhosa, como é de se esperar em um livro de fantasia, mostra um fenômeno recente  (de pouco mais  de 100 anos?)  que é o surgimento de religiões , que dizem falar em nome de um ser “celestial”, para no fundo enriquecer seus “fundadores”. Era ler e mesmo sem querer misturar um monte de “celebridades” a imagem do macaco da historia.
Plagiando um texto famoso, quem não errou que atire a primeira pedra! ou melhor que faça a leitura e “atire o seu comentário”.

Para mais detalhes de cada conto, Clique Aqui

11 de maio de 2013

A COSTUREIRA E O CANGACEIRO. de Frances Peebles




Nossas origens sempre nos atraem, queira ou não estamos ligados a ela como se o “cordão umbilical” nunca tivesse sido cortado, esta é a sensação ao se ler  A COSTUREIRA E O CANGACEIRO de Frances Peebles. Brasileira, filha de pai norte americano, esta escritora encanta pela maneira detalhada de mostrar uma caatinga, onde ela nasceu e viveu alguns anos.

Falei de origem, porque também me sinto filho da caatinga e a leitura do livro me fez, mais uma vez entender como os nordestinos são fortes e como foram heróis pelo simples fato de se manterem vivos e com isso conseguirem trazer seus “genes” até nós. Somos herdeiros de toda essa força composta de angustia, sofrimento, uma certa dose de maldade, mas acima de tudo de coragem de lutar pela vida.

O livro é uma ficção, porem baseada em um momento histórico real, o trabalho de pesquisa foi maravilhoso e com ele “quase” é possível ver a caatinga de 1920 a 1935. A escolha das duas personagens, duas meninas, irmãs e com sonhos e personalidades diferentes foi o ponto marcante para desenvolver um olhar de amor e ódio, de esperança e desespero entre os diversos momentos da historia.

A luta pela vida em um ambiente hostil, criou seus principais personagens, alguns aproveitaram o momento histórico para se estabelecer e de certa forma conseguir “povoar” o interior do país, este é o caso dos coronéis, em um tempo em que o estado se concentrava no litoral, a opção para manter o poder no interior era “passar” o poder das terras para os coronéis, que tinham total autonomia sobre seu território, era algo bem feudal, porem era o mesmo que Portugal havia feito com o Brasil todo, quando mandou pra cá seus Governadores Gerais, no fundo eram uns Coronéis de Portugal no Brasil.

O Governo brasileiro independente, fez o mesmo, deu terras e poderes aos coronéis para manter o território sem a “invasão” de opositores. Os coronéis foram humanos, e logicamente, alguns foram “desumanos” fazendo todo tipo de crueldade com o povo sob seu domínio, é neste contexto que surgem os primeiros cangaceiros, que nada mais são do que pessoas simples que foram humilhados/torturados/traumatizados pelos mesmos coronéis. A “reação” é ser tão ou mais cruel que o seu malfeitor, então um Cangaceiro “cria” sua própria lei, e dentro dela não cabe nenhuma piedade.

No momento histórico do livro,  o estado brasileiro já esta mais “completo”, já dominou praticamente o litoral e volta seu olhar também para o interior, então os Coronéis começam a se sentirem ameaçados, afinal o “verdadeiro” dono terras vai impor sua lei sobre elas, além disso é o momento em que os injustiçados de antes, conhecidos como cangaceiros já tem uma certa fama e um certo respeito, e a seca, outro inimigo dos Coronéis também se mostra presente.

É neste cenário que Frances mostra suas duas “meninas” inocentes, sonhadoras, irrequietas,   tão sapecas que toda a historia toma seu rumo quando uma delas caí de cima de um pé de Manga.  Leia  e se emocione, a historia de Emília e Luzia, duas adolescentes que “tecem” suas vidas com suas escolhas, assim como se costura um vestido.

9 de dezembro de 2012

A BRUXA DE PORTOBELLO



É o primeiro livro de Paulo Coelho que eu lí, confesso que toda a publicidade que a mídia faz em torno deste escritor me levou a compra-lo há aproximadamente um ano atrás, enfim depois de guarda-lo, por um tempo, chegou o tempo de apreciá-lo.
Surpreendeu-me a forma de depoimentos individuais de personagens secundários que “conta” toda a historia, lembra um documentário bem feito para a tv. A historia da “bruxa” é bem contada e narrada de forma cronológica para facilitar o conhecimento do leitor, porem no inicio uma “pitadinha” de suspense dá a entender que a personagem principal morreu, será? 
O tema do livro, ao meu ver é a magia do dia a dia, é a percepção de valores esquecidos pela sociedade moderna, é viver com intensidade o momento, é perceber a maravilha que fazemos ou desmanchamos a cada segundo. Você já parou para sentir de verdade o calor de um abraço? Você já sentiu com toda intensidade o prazer da agua fria no seu corpo durante o banho? Se não,  como esperaria poder sentir a magia? A magia acontece nos pequenos momentos em que um ser humano se entrega de corpo e alma ao que esta fazendo, sendo capaz de não pensar em mais nada além do que esta vivendo naquele instante.
 Assim a “bruxa” é capaz de sentir totalmente a dança, a escrita e tudo o mais que ela participa. Já pensou em ser bruxa? Ou Mago? Lendo a bruxa de portobello você não vai aprender, mas sentirá um “gostinho” de como deve ser a busca de alguém capaz de viver e tentar compreender os belos momentos que a natureza nos propicia. Tente!

Como é meu costume, abaixo um “trechinho” para atiçar a curiosidade.

Jung costumava classificar o progresso individual em quatro etapas: a primeira era a Persona – máscara que usamos todos os dias, fingindo quem somos. Acreditamos que o mundo depende de nós, que somos ótimos pais e nossos filhos não no compreendem, que os patrões são injustos, que o sonho do ser humano é não trabalhar nunca e passar a vida inteira viajando. Muitas pessoas se dão conta que algo esta errado nesta história: mas, como não querem mudar nada, terminam afastando rapidamente o assunto de suas cabeças. Algumas poucas procuram entender o que esta errado, e terminam encontrando a Sombra.
A sombra é o nosso lado negro, que dita como devemos agir e no comportar. Quando tentamos nos livrar da Persona, acendemos uma Luz dentro de nós, e vemos as teias de aranha, a covardia, a mesquinhez. A Sombra está ali para impedir nosso progresso – e geralmente consegue, voltamos correndo para sermos que éramos antes de duvidar.
Entretanto, alguns sobrevivem a este embate com suas teias de aranha, dizendo: Sim, eu tenho uma série de defeitos, mas sou digno, e quero ir adiante”.
Neste momento a sombra desaparece, e entramos em contato com a Alma. Por Alma, Jung não está definindo nada religioso; fala de uma volta a tal Alma do Mundo, fonte de conhecimento.
Os instintos começam a se tornar mai aguçados, as emoções são radicais, os sinais da vida são mais importantes que a lógica, a percepção da realidade já não é tão rígida.
Começamos a lidar com coisas com as quais não estamos acostumados, passamos a reagir de maneira inesperada para nós mesmos.
E descobrimos que se conseguirmos canalizar todo este jorro de energia continua, vamos organizá-lo em um centro sólido, que Jung chama de O Velho Sábio para o homem, ou a Grande Mãe para as mulheres

18 de novembro de 2012

SUGISTÊNIO - Homem Brasil

Imagem de um dos pontos turísticos da Chapada Diamantina, retratada no livro


Romance de Jorge Galvão Dourado conta a saga de um andarilho que percorre o país sem dinheiro e em suas andanças conhece muito dos lugares, das historias, da diversidade brasileira. Ele se enturma em qualquer lugar, ele se mistura, interage, ele VIVE!
É sindicalista no sul, é garimpeiro no norte, é ambientalista no nordeste, é a mistura de momentos da vida que acontece em todo lugar, As mulheres são amadas com intensidade e com liberdade, os relacionamentos duram o tempo suficiente para serem inesquecíveis, isso não quer dizer que durem muito, mas serão eternos.
Um pouco de irresponsabilidade, muito de tolerância  uma pitada de ativismo, recheados com nostalgia esta é a receita de Sugistênio, que vale muito o pena ser lido, abaixo deixo uma das muitas poesias que tem no livro, só para provocar o deleite e dar a você ainda mais vontade de ler o livro e acompanhar este aventureiro (no bom sentido do termo) pelos caminhos do Brasil.

Desperta menina de seu sono lento
Abra a janela, veja o amanhecer,
Talvez vida nova, talvez.
Quem sabe a utopia se faz?

Mas se tu te calas eles te exploram,
Entram em sua casa, roubam o que tu tens,
Trazem até você os males, o desprezo
Roubam do teu leito o teu bem viver.

Desperta, menina  América,
Que ainda há tempo,
Repudia os teus tiranos,
Os teus exploradores
Que deitam contigo sem nada
Pagarem.

Exploram os teus filhos
Matam-nos no trabalho,
Sugam o seu sangue,
Destroem o seu corpo
Ontem tão lindo,
Hoje esfacelado vejo,
Envelhecer.

Como podes aceitar tamanho
Absurdo
Desperte menina,
Para amanhecer.

Surge um novo sol,
Surge um novo dia,
Teus filhos se unem
Em torno de ti,
Em prol de justiça, em prol
Da liberdade,
Contra a escravidão a que
Está relegada,
Por dias melhores que estão
Por vir.

28 de junho de 2012

A CRUZADA DO OURO - David Gibbins


Havia tempo que eu não lia um livro completo, Comprei alguns e tenho na estante ainda uns 10 para ler. Esta semana peguei “A CRUZADA DO OURO” DE David Gibbins da editora Planeta,2007. Foi um balde de água fria! Pense em um livro que promete muito e não entrega nada. Pronto você pode dizer que leu o livro.
Eu havia lido a Dama das Amêndoas, e comecei a sentir um certo gosto pelo fascinante mundo medieval com suas lutas e barbáries.  Também havia lido um pouco sobre as cruzadas, visto alguns filmes e a contra capa do livro promete que o livro é uma mistura de Indiana Jones com Dan Brown, puxa, seria Muito BOM!!!
Mas vamos ao desastre, ou melhor, ao livro. David tenta misturar  crenças milenares, com personagens nórdicos, civilizações antigas e tecnologia, porem perde a “mão” e faz um texto longo e chato, onde conseguir terminar de ler será a maior proeza de quem abrir o livro.
Se você conseguiu ler tudo até aqui já merece um prêmio. Se conseguir ler   A CRUZADA DO OURO  inteiro merece um OSCAR!
Porem como tenho o costume de por um pequeno trechinho, deu trabalho, mas encontrei algo menos ruim que irei transcrever abaixo

“ Em kaellingekloften nós nos reunimos todos os anos para ver o sol aparecer pela primeira vez na geleira depois das semanas de escuridão do inverno, e no mesmo lugar aqueles que estão cansados da vida pulam para as profundezas geladas do fiorde para se juntar ao espírito do mundo. Esta é a meneira tradicional. Meu pai terminou o que tinha de fazer aqui e agora ele está ansioso para ir para a sua próxima jornada”


Minha dica: Não compre e se ganhar não leia! É duro dizer isso, mas é VERDADE!


8 de março de 2011

A DAMA DAS AMÊNDOAS - O MISTÉRIO DE SELVAGGIO

Gosto de escrever sobre um livro logo depois de Lê-lo. Pra mim é como sentir por mais um instante, o doce sabor de um suco recém tomado. É degustar o finalzinho da fruta, como se por um momento pudéssemos sentir de novo toda a maciez e opulência de sua essência. É isto que tento guardar quando escrevo, porque sei que não conseguirei guardá-lo apenas na memória. Daí escrever aqui é uma forma de uma vez ou outra relembrar belos textos lidos.

Mas, vamos ao livro... A dama das amêndoas é uma historia envolvente que traz a seus leitores um pouco do mundo medieval, não pelo ponto de vista “comum” cheio de cavaleiros heróis e reis obstinados. Ele traz um ângulo inovador. O olhar feminino em um mundo marcado por guerras, suas decepções, seus aprendizados e a forma realista de encarar a vida em seu tempo.

O texto de Marina Fiorato começa de forma enfadonha e vai ganhando emoção a medida que o livro vai mostrando seus personagens, ou a evolução deles. Praticamente todos sofrem metamorfoses no decorrer da historia que mistura a fé no cristianismo e no judaísmo, a intolerância do poder dominante e a resistência do vencidos.

Se você tiver oportunidade de ler será uma ótima companhia para seu tempo vago, será um momento de reflexão sobre a capacidade humana de viver com suas convicções, respeitar as convicções alheias e ser feliz em um mundo que sempre foi multiétnico, multicultural e poder entender que toda essa aparente diferença é na realidade uma ilusão. O que todos querem é apenas a felicidade.

É um livro forte. Mostra em tons vivos (de Bernardino?) uma caricatura dos cardeais católicos e sua desenfreada necessidade de acabar com seus opositores. Exibe um Don divino: A amizade de forma desinteressada, alem de estar repleto de momentos de auto conhecimento e não julgamento do outro.

Escolhi o trechinho abaixo da pagina 100. Que mostra um pouco do enigma do personagem Selvaggio. Leia e tente entender.

__ Um pedaço de madeira sabe que foi antes uma árvore?
__ele perguntou, escolhendo uma lenha de corte tosco da pilha de madeira e girando-a na mão. __ Não; não se lembra de onde ficava, na planície ou na floresta, nem dos ventos que a balançavam, as chuvas que a ensopavam; e tampouco do sol que a aquecia. Não se lembra que derramava folhas no inverno e brotava-as mais uma vez com a primavera, durante o ciclo de muitas e muitas estações, a medida que lhe nasciam os anéis na barriga. E ,no entanto, sabemos que ela viveu, sim, essa vida, e agora estou aqui, e outrora estive em outro lugar, mas que lugar era esse não sei. Não sei nem quantos verões vi, nem onde no mundo morava quando eu era vivo.

24 de fevereiro de 2011

IRMÃO LOBO - Entre no mundo de Torak

Um livro para se ler por prazer, uma aventura mágica. Assim é Irmão Lobo da escritora Michelle Paver.

O tempo da historia é um período pós era do gelo, e o personagem principal é Torak, um garoto de aproximadamente 13 anos. O "mundo" neste momento não se parece com o que conhecemos, a terra ainda é coberta de árvores, os povos ainda não tem países, ou estão juntos em grandes grupos, são apenas "clãns", ou seja, pequenas tribos com seus rituais, suas crenças e sua própria forma de perceber o mundo. Torak não tem "clã", foi criando praticamente sozinho pelo seu pai, aprendeu a caçar e sobreviver na floresta. Perdendo o pai logo no início do livro ele irá descobrir aos poucos que muito de sua historia ainda esta por ser contada, que muito do seu próprio passado ele desconhece e que uma grande missão o aguarda.

A companhia mais constante nesta aventura é um filhote órfão de lobo... são dois órfãos e uma grande historia pra contar. Vale muito você conferir!!!

TEXTO SELECIONADO DO LIVRO
 
Uma brasa estalou.
Torak deu um salto.
--   Quer dizer que... mesmo que sobreviva amanhã, eu estarei arruinando a minha vida?
--   Eu não disse isso. Você pode jugir ou lutar. Sempre há uma opção.
Torak erqueu a vista para a parca manchada de sangue. Hord tinha razão: aquela era uma luta para homens, e não para meninos.
--  Por que Pa nunca me contou nada disso? - perguntou ele.
--  Seu pai sabia o que estava fazendo - disse Fin - Kedinn. - Ele fez algumas coisas ruins. Coisas pelas quais eu nunca o perdoarei.  Mas, com você, acredito que ele fez a coisa certa.
Torak não conseguia falar.
--  Pergunte-se isto Torak: Por que a profecia fala no "Ouvinte"? Porque não fala o "Falador" ou o "Vidente"?
Torak sacudiu a cabeça.
Po0rque a qualidade mais importante em um caçador é ser um ouvinte. Ouvir o que o vento e as árvores estão lhe dizendo. Ouvir o que os outros caçadores e a presa estão dizendo sobre a floresta.
Esse foi o presente que seu pai lhe deu. Ele não lhe ensinou a arte da magia ou a história dos clãs. Ensinou-o a caçar. A usar a inteligência.
-Fez uma pausa- Se tiver sucesso amanhã, é desse modo que você conseguirá. Usando a inteligência

21 de julho de 2010

O LIVRO DA SABEDORIA - A FÁBULA DOS CEGOS COM O ELEFANTE



Terminei de ler o “Livro da sabedoria”, uma coletânea de pequenos textos, poucas parábolas e alguns provérbios, organizados pela professora Yveline Brière que também é uma estudiosa do comportamento do ser humano.
É um livro com textos curtos e bastantes interessante que deve ser lido sem pressa, e se possível parar para pensar em cada pagina, vale muito a leitura.

A sabedoria que atrai o leitor na capa do livro é insinuada nos pensamentos de grandes filósofos e de outras personalidades cativantes da historia, tem até pequenos textos bíblicos, em termos de sabedoria a autora (organizadora) prova que bebeu na fonte e obteve conhecimentos necessários para colocar em um mesmo livro pensamentos bem divergentes e pensadores do varias crenças e de todos os continentes.

Eu, que também sou aberto a todas as maneiras de reflexões gostei de ler no livro citações como: “o filósofo fará bem seu trabalho se conseguir criar verdadeiras dúvidas” ( Morris Cohen). Outra: “É fazendo o bem que se destrói o mal, e não o afrontando” (Charif Barzuk) Não podia faltar a pérola de Sócrates: “Só sei que não sei”.

Ao meu ver, é isso mesmo quem pensa, quem tem idéias não deve impor-las aos outros, será vitorioso se em vez disso, criar dúvidas no outro sobre as suas antigas convicções. E o bem? “brigaria” com o mal? Afrontá-lo-ia? Não, o bem é o bem é pronto não precisa destruir o mal para se impor, afinal “se impor” já é coisa de mal, concorda? Discorda? Responda...

Quanto ao Sócrates, este não se comenta, sua concisão é magnífica!

Escolhi a parábola que esta nas páginas 89/90 para ilustrar meu post porque ela mostra de forma significativa que nenhuma pessoa sozinha pode perceber totalmente a realidade, ela precisa ser compartilhada, precisamos ouvir o outro, tentar entende-lo, tentar “enxergar” pelo ângulo dele, quem sabe se fizéssemos isso conseguiríamos entender melhor a nossa múltipla realidade. Vamos ao texto:

Quatro cegos discutiam em torno de um elefante que, pacato estava em pé no jardim de um circo.

O primeiro, com as duas mãos, envolveu uma das patas do forte paquiderme e disse:

-O elefante é um animal em forma de coluna. Como aquelas que sustentam os templos de nossas divindades.

-Não – disse o segundo, segurando a tromba -, é um bicho comprido, como uma jibóia, com formas dos tubos de bambu que irrigam nossos jardins.

-De jeito nenhum, disse o terceiro, agarrando uma orelha-, é um animal chato e largo, como uma folha de bananeira gigante, ou como os flabelos com que os escravos abanam os marajás.
-Voçes não entenderam nada - exclamou finalmente o quarto, que tentava em vão agarrar o rabo do mastodonte -, esse bicho não passa de um chicote que o amo usa para bater nos escravos. Ou então um enxota-moscas de uso exclusivo de nossos príncipes.

E já falavam em altos brados. Um homem sábio, que passava por lá, ouviu a discussão e aproximou-se.
Os cegos lhe imploraram que os exclarecesse.

-O primeiro esta errado. O elefante não é feito como uma coluna de templo.

Os outros três cegos alegraram-se.

-O segundo também esta errado. O animal não é uma cobra.

Os outros dois cegos alegraram-se.

-O terceiro não está mais certo que os outros. O bicho não se parece nem com folha de bananeira nem com abano.

O quarto cego então ficou exultante, crente de que tinha razão.

-O quarto é tão ignorante quanto os outros três. Também não é um chicote, coisa que os quatro mereciam por quererem ser donos da verdade. O elefante é um pouco de tudo isso.

Assim discutem os homens de espírito estreito, que só vêem um aspecto da divindade.
(Ramakrishna apud Yveline Brière)

6 de junho de 2010

A CABANA - A CANÇÃO DE MISSY

Que tal passar uns dias na "Cabana"? Ta sem tempo? Tudo bem, fica pra outro fim de semana... Sem problemas. É hoje? esteja preparado? Você sabe chegar a cabana? O caminho não é facil... e você não sabe o que vai encontrar de verdade lá... quer mesmo ir?
Se você quer, eu juro  que vale a pena, essa cabana  fica em um local onde eu creio que todos deveriam ir algum dia,  é uma cabana mágica onde você irá se descobrir e de lá sairá um novo ser, mais tranquilo, mais preparado para o corre corre do dia a dia, eu recomendo leia A Cabana de William P. Young.
O livro é de ficção, porem usa "personagens" bastante conhecidos de nossa cultura, a magia esta na forma como estes "personagens" são caracterizados pelo autor, ele os humaniza para mostrar sua grandiosidade, parece antangônico? Eu tambem acho, porem para aqueles que leem este blog, e que sabem a minha maneira de pensar verão que isso é um enorme elogio. O elogio a humanidade, a sua enorme capacidade de criar histórias, algumas, como esta, extremamente encantadoras.
Na contracapa do livro esta um resumo conciso dele, nas palavras de  Michael W. Smith: "Esta história deve ser lida como se fosse uma oração - a melhor forma de oração, cheia de ternura, amor, transparência e surpresas. Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção para ler este ano, leia A cabana"
Você poderia dizer: Ué isso é um resumo do livro? A resposta seria Sim, com certesa. Seria um resumo conciso perfeito, seria o "sumo" que o Michael extraiu do livro pois o livro tem isso tudo - ternura, amor, transparência e surpresas - não exatamente nesta ordem, ele começa de forma bem rude, porem extremamente provocante no sentido de fazer o leitor continuar a "degusta-lo".
Foi inevitável, para mim não sentir uma sintonia do livro com  o tema deste blog, você lembra o tema? Caverna de idéias - Deixe-se iluminar... Ilumine a caverna de alguem! Colabore!  A cabana é uma espécie de caverna  onde o personagem central do texto vai para se encontrar com  alguem que ele duvida que exista, haverá o encontro? e você ja deixou alguma luz invadir sua caverna? Alguma vez ja foi luz para clarear a caverna de alguém?
Sempre acho que escrevo demais, sempre penso que misturo as coisas.É o que deve estar passando por sua cabeça agora. Afinal ele esta falando do livro ou do blog? No fundo eu estou falando da vida, do nosso cotidiano, das coisas pequenas que nem damos valor mas que na verdade são o bom da vida, são o que fazem valer a pena trabalhar, se esforçar para ter dignidade diante da loucura do capitalismo.
Eu creio em um mundo onde as pessoas seja responsáveis pelos bons e maus momentos de sua vida, porem não dá para negar que a interação com outros seres interferem no "resultado" de nossos esforços . Alguns ajuda-nos, outros atrapalham. Devemos abraçar mais os que nos ajudam e perdoar os que nos atrapalham, talvez esta seja uma das principais mensagens do livro de William.
Quero agradecer ao Rev. Rosivan Rios por ter me dado este livro para ler.
Abaixo esta a única canção do livro a CANÇÃO DE MISSY

Respire em mim... fundo,
Para que eu respire... e viva.
E me abrace apertado para eu dormir
Suavemente segura por tudo que você dá.

Venha me beijar, vento, e tire meu fôlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre túmulos
Até que toda a morte se vá

E ninguem sabe que existimos
Nos braços um do outro,
A não ser Aquele que soprou a hálito
Que me esconde livre do mal

Venha me beijar, vento, e tire mei fôlego
Até que você e  eu sejamos um só,
E dançaremos entre os túmulos
Até que toda a morte se vá.

E você ja leu a cabana? Se leu escreva no comentário sua opinião sobre o livro. Se não leu, leia Vale muito a pena!

3 de junho de 2010

CONHECENDO O ISLAMISMO - O LIVRO

Capa do Livro com imagem ilustrativa de Muhammed, o principal profeta segundo o Islamismo

As religiões fazem parte da vida da maioria dos seres humanos, é inegavel que elas tragam uma segurança e com isso propocionem um estado de paz e satisfação, todos estes fatores somados fazem com que as crenças tenham papel fundamental na vida cotidiana da humanidade.

Eu não tenho crença, porem tenho curiosidade e ler sobre as crenças é uma forma de cultura interessante, pois traz, pra mim um sentimento que eu não vivo sem ele: O respeito ao proximo, especialmente na sua forma de pensar e conviver em grupo.

Este respeito, só é possivel com a compreenção so outro, se possivel em todos os seus jeitos e trejeitos, incluidos aí a sua religião, o seu time de futebol preferido e, até sua opção politica ou sexual, o fato é que existe o outro, e ele é diferente de você, totalmente diferente, único, enfim um outro ser humano que respira o mesmo ar que você, que tem carencias parecidas, mas que tem peculiaridades singulares.

Partindo deste contexto resolvi ler o livro de Matthew Gordon, Conhecendo o Islamismo da editora Vozes. É um texto bastante sucinto que traz em linhas gerais as origens, as crenças, as praticas e uma breve explanação sobre os textos sagrados e os lugares sagrados do Islamismo. Vale a pena a leitura para quem quiser conhecer um pouquinho da fé que mais cresce no mundo atualmente.

No meu entendimento, o livro, de certa forma, coloca o Islamismo como a continuação do Cristianismo, sendo assim a fé Islâmica respeita e honra todos os profetas existentes nos livros da Bíblia, desde o primeiro passando por Cristo (que para o Islamismo foi apenas mais um profeta) até chegar no maior profeta que eles reconhecem, o qual teve contato pessoal com o próprio Deus, que foi Muhammad ibn Abdallah (conhecido no ocidente por Maomé) o qual, segundo a tradição islamita escreveu o Quran (Corão ou Alcorão) revelado pelo proprio Deus.

Segundo o Alcorão "Deus é aquele que eregiu os céus sem apoio, como se pode ver, e depois sentou-se em seu trono e sujeitou o sol e a lua à sua vontade" ( Sura 13,2). "Deus atesta que não há deus senão ele, como o atestam os anjos e os que possuem conhecimento. Ele só age com justiça. Não há deus senão ele, o Todo-poderoso, o Todo-Sábio" ( Sura 3,18)


O nome de Deus no Islamismo é Allah (Alá, para nós ocidentais) e que dizer exatamente  isso "único Deus", já o termo Islam significa "entrega total a Deus", os seja a fé islamica se baseia na extrema confiança, no poder absoluto de seu salvador. A palavra Quran siginifica "recitação, leitura" então Quran ( Alcorão) é a leitura do texto sagrado, segundo as crenças, no inicio o proprio profeta Maomé recitava e explicava o texto a seus seguidores. O Alcorão é composto de 114 Suras (cápitulos). As Suras são compostas de ayat (versículos). Assim ao ler Sura 13,4 pode-se entender como Capitulo 13 versículo 4.

Para terminar vou colocar pequenos trechos sagrados do Islamismo:

Foi ele quem os criou de um unico ser
E da mesma natureza fez a companheira dele
De modo que se inclinasse para ela...
( Sura 7,189)

O profeta disse: "uma mulher é dada em casamento
por quatro razões:  por causa de sua riqueza,
da reputação de sua familia, de sua beleza e de sua piedade.
Dá precedência às que possuem piedade"
Os profetas viu as crianças retornando de uma celebração de casamento
Levantou-se e disse: "por deus, vós sois para mim as pessoas mais
queridas" e repetiu isto três vezes.
(Hadidth, da coleção de al-Bukhari)

Casa com mulheres do teu agrado,
duas  três ou quatro"
(Sura 4,3)

16 de março de 2010

CÓDIGO DA VIDA (SAULO RAMOS)

Terminei de ler o livro , que esta aqui ao lado, é um belo livro. Como fala minha companheira de Blog, a Carol, todo livro é um bom livro. Afinal é o parceiro que nos faz companhia durante um tempo em nossos dias, porem esse do Dr Saulo pode ser colocado bem acima da média dos bons livros.
Ele é um eximio contador de historias, e este livro é recheado delas, são muitas, sobvre os mais variados temas, porem ganha destaque a sua participação nos governos brasileiros, especiualmente durante a constituinte. periodo de ouro do governo Sarney.
Saulo se diz um menino do interior, que nunca poderia sonhar em "chegar tão longe", e chegou longe, pra sorte dos milhões de brasileiros, afinal ele ajudou de forma expontânea a fazer uma constituição um pouco mais justa do que a maioria dos deputados queria ( ou saberia fazer).
O livro vale muito ser lido, aconselho le-lo com calma, pois ele tem um "esqueleto" fino, ou seja uma historia de um processo que dura todo o livro, porem ela é cortada a todo instante por outras historias que servem como uma reflexão da vida do autor.
Em um destes momentos em que ele conta a sua propria vida esta a única poesia do livro, por falar nela, la ele conta como a fez, o que já é outra historia....
irei transcreve-la, é um doce momento do livro.


"Sobre o muro em ruinas
uma roseira em flor"
( Vicente de carvalho)

Este pequeno texto de Vicente , inspirou o Saulo a compor a seguinte poesia pra sua 3ª esposa , a Eunice.

A PRIMEIRA VEZ

           Afinal deu-se comigo:
           nasceu a orquídea no velho tronco,
           floriu a hera no muro antigo.
           Nem o pavor de ser ridículo
           impede-me de amar,
           pois é a primeira vez que amo
           porque sinto o mesmo desassosego susto
           da primeira vez que amei.
           Amar pela primeira vez agora
           é igual a qualquer primeira vez antiga,
           mas esta primeira vez, no fim da vida,
           é a primeira vez mais querida,
           parece mais primeira do que as outras
           é, pela primeira vez,
           tenho a certeza, que me faltou antes,
           a de ser a última primeira vez.




24 de janeiro de 2010

Um Bom Livro!

Ola! Recebi como um desafio a sugestão de contribuir com esse blog de Literatura e Idéias. E como não sou de fugir de um desafio... Aqui estou!
Pensei o que dizer nessa primeira participação, e me veio à mente refletir sob algo que é interesse comum de todos nós: Um bom livro! Afinal o que é um bom livro?
Alguém pode dizer que é aquele que aparece em 1º lugar na lista dos mais vendidos... Outro, que é o livro do autor renomado, indicado pela crítica especializada. E aquele, que quiser encerrar mais rapidamente a reflexão, dirá: "isso é muito subjetivo!".
Será que é tão simples assim? Será que essas respostas imediatas traduzem o que é um bom livro. Creio que não!
Às vezes lemos um livro, e adoramos; outras vezes achamos que faltou algo. Pode ser um final surpreendente ou uma dose de realimos. Um romance a mais ou a menos. Pode ser tantas coisas...
Sabe! Tenho uma maneira muito particular de pensar sobre livros. Acho que nem sempre estamos preparados para ler um ou outro título. Dependendo da fase em que nos encontramos na nossa vida, aquele livro pode ou não trazer, dentro da gente, a sensação de que foi um bom livro ou não. Mas, no final, se nos determos um pouco mais nessa reflexão, veremos que, ainda que a sensação ao final da leitura seja de que não gostou tanto assim do livro. Ainda assim, será um bom livro.
E essa constatação é muito simples. O livro nos transporta a um universo desconhecido. Por meio dele temos a chance de viajar nas idéias do autor, ir a lugares incríveis, conhecer culturas e personagens inimagináveis. É impossível ler um livro e não agregar alguma coisa ao nosso universo de saber. Gostando ou não, ele "entrou" no nosso mundo de conhecimento. Na nossa capacidade de falar sobre o assunto, de discutir as idéias defendidas ali. Ser contra ou favor...
O que nos leva a reconhecer: TODO LIVRO É UM BOM LIVRO!
Bom, porque é o que estamos lendo. É o que está nos fazendo companhia nas agradáveis horas de leitura. Que nos faz pensar mais... querer mais...Ser alguém melhor. Tudo isso está nos livros
Então...Boa Leitura!

10 de janeiro de 2010

A CIDADE DO SOL - É proibido cantar.

Eu prefiro os textos "doces", me fazem um bem enorme e não dão "diabete", só refrescam a alma e nos permitem sonhar, sonhar aliás, ainda é algo que os governantes, em tempo algum ou em país algum ainda não conseguiram proibir.
Depois de ler a cidade do sol, do afegão Khaled Hosseini, que de certa forma é uma "continuação" de O caçador de pipas, sem o uso dos mesmos personagens daquele livro maravilhoso, porem com a mesma temática, com o mesmo "pano de fundo" do livro anterior. Este segundo livro é tão emocionante quanto o primeiro e tão bem escrito, que nos sentimos em Cabul, a cidade do sol, o sol que vem das montanhas, que derrete a neve depois do inverno e os diversos "sois" artificiais, conhecido como mísseis, que derretem a vida e os sonhos na mesma Cabul.
Esta é a emocionante luta de Marian e Laila por reconhecimento de suas virtudes, reconhecimento de suas sensibilidades, reconhecimento de sua condição de ser humano. A mulher afegã é mostrada de forma nua, apesar de aparecer sempre de "burqa", a roupa tradicional mais usada naquele país. Khaled mostra tudo, todo o massacre emocional e fisico a que são submetidas as mães, filhas e irmãs naquele país.
Para nós brasileiros, as torturas sofridas pelas mulheres afegãns só podem serem comparadas as torturas sofridas pelos negros na época da escravidão, ambos, mulheres e negros "pagando" pelo mesmo crime, o crime de terem nascido.
Como escrevi no ínicio prefiro,os textos doces, porem deste livro, irei transcrever abaixo algumas proibições absurdas, que segundo Housseini foram impostas aos habitantes de Cabul, na época em que os Talibans assumiram o poder, vamos a elas:
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É proibido Cantar.
É proibido Dançar.
É proibido jogar cartas, jogar xadrex, fazer apostas e soltar pipas.
É proibido escrever livros, verfilmes e pintar quadros.
Quem possuir periquitos será espancado e os pássaros mortos.
Quem roubar terá a mão direita cortada na altura do pulso, quem voltar a roubar terá um pé decepado.
Quem não é muculmano não pode realizar seu culto em lugar onde possa ser visto por muçulmanos. Quem fizer isto será espancado e detido. Quem for apanhado tentando converter um muçulmano a sua fé será executado.
Atenção mulheres:
Vocês deverão permanecer em casa. Não é adequado uma mulher circular pelas ruas sem estar indo a um local determinado. Quem sair de casa deverá se fazer acompanhar de um "mahram",, um parente do sexo masculino. A mulher que for apanhada sozinha será espancada e mandada de volta para casa.
Vocês não deverão mostrar o rosto em circunstãncia alguma. Sempre que sairem a rua, deverão usar a burqa. A mulher que não fizer isso será severamente espancada.
Estão proibidos os cosméticos.
Estão proibidas as jóias.
Vocês não deverão usar roupas atraentes.
Só deverão falar quando alguem lhes dirigir a palavra.
Não deverão olhar um homem nos olhos.
Não deverão rir em público. A mulher que fizer isso, será espancada.
Não deverão pintar as unhas. A mulher que fizer isso perderá um dedo.
As meninas estão proibidas de frequentar escolas, todas as escolas femininas serão imediatamente fechadas.
As mulheres estão proibidas de trabalhar.
A mulher que for culpada de adultério será apedrejada até a morte.
Ouçam, Ouçam bem Obedeçam. Allah-u-akbar.
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Fonte Hosseini, Khaled. A cidade do sol. (tradução: Maria Helena Rouanet). Nova fronteira, Rio de Janeiro, 2007.

2 de janeiro de 2010

O CAÇADOR DE PIPAS - A noite de Yelda


Aproveitei os ultimos dias de 2009 para ler um pouco, ja sentia saudades de livros, de belos personagens e de boas historias, havia comprado o livro "o caçador de pipas" ha uns meses porem a falta de tempo me fez deixa-lo guardado na gaveta, agora no finalzinho de um ano e início de outro chegou, enfim o dia em que pude le-lo.
O livro tem todos os ingredientes para conquistar o leitor, e comigo não foi diferente, não consegui parar de le-lo e devorei a última página nos primeiros dias de 2010. Chorei, confesso, tenho temperamento tolerante e tento viver em um mundo multiracial, multicultural, onde todas as crenças e etnias convivem em paz e ler as diferenças de tratamento entre as etnias do Afeganistão, a semelhança com o nazismo e misturado a este caldeirão a amizade sincera de Hassan comove e nos traz um pouco de confiança na convivencia pacifica entre os seres vivos.
Identifiquei-me com o "baba" de Amir, sua crença na inexistência de seres divinos, sua certeza em fazer o que seria possível para um mundo melhor, sua autopunição em forma de bondade, enfim um personagem forte que foi muito bem lapidado pelo excelente escritor Khaled Hosseini.
Meus "nós" na garganta foram desviados pelas piadas sobre o mulá Nasruddin e pela coragem dos personagens infantis do romance, vale, muito a pena le-lo. Abaixo transcreverei um pequeno texto, creio que o mais adocicado do livro, delicie-se!
" No Afeganistão, a Yelda é a primeira noite do mês de jadi, a primeira noite do inverno, e a mais longa do ano. Como mandava a tradição, Hassan e eu ficávamos acordados até mais tarde, com os pés enfiados debaixo do kursi, enquanto Ali atirava cascas de maçã no fogareiro e nos contava velhas histórias de sultões e de ladrões para passar o tempo dessa noite que era a mais comprida de todas. Foi por meio de Ali que fiquei conhecendo a tradição da yelda, daqueles meses enfeitiçados, que se precipitam para as chamas des velas, e dos lobos que sobem ao alto das montanhas em busca de sol. Ali jurava que quem comese melancia na noite da yelda não sentiria sede durante o verão seguinte.
Quando fiquei mais velho, li nos meus livros de poesia que a yelda era a noite sem estrelas em que aqueles que sofrem por amor permanecem acordados, suportando a escuridão interminável e esperando que o nascer do sol traga consigo a pessoa amada. Depois que conheci Soraya Taheri, todas as noites da semana passaram a ser (noites de) Yelda para mim.

1808 - DOM JOÃO por Laurentino Gomes

Nos dias finais de 2009, terminei de ler 1808. Um livro muito interessante e que deveria ser lido por boa parte dos brasileiros e portugueses que tivessem acesso a leitura de qualidade, Laurentino, que escreveu o livro brinda nos com textos de muito bom gostoe de excessivo zelo ao tentar mostrar nos um momento, que pode ser considerado o nascimento do nosso Brasil.
Eu sempre me perguntei, porque o Brasil passou tantos anos para evoluir? Porque os Estados Unidos foram mais rapidos para tornarem-se indepedentes? Algumas respostas estão no livro de Laurentino.
Mas o livro não é apenas isso, ele vai mais fundo no lado pessoal e humano de nosso primeiro monarca, mostra um dom João sem retoques, com suas fraquezas, com seus dissabores, mas acima de tudo um Rei que soube reinar, que nasceu, viveu e moreu como rei, ao contrario da enorme maioria dos Reis de seu tempo. Governar nunca foi fácil, temos exemplos recentes na nossa historia, lembro me vagamente de um texto que li a anos atraz, talvez de verissimo, não tenho certeza do autor, ele dizia:"quem diria que o PSDB ao chegar ao poder se tornaria PFL e, que o PT chegando lá, viraria PSDB".
É isso governar envolveu e ainda hoje envolve tomar as decisãos mais arriscadas, poes um país, leia de novo UM PAÍS esta na sua mão. No caso de D joão um Imperio inteiro. Ainda bem que ele era inseguro e não um ditador tirano.
Vou escrever agora um trechinho do livro para que talvez aguçe a sua curiosidade e faça você ler o livro inteiro: Em 1580, menos de um século depois de descobrimento do Brasil, o rei Felipe II, da espanha, assumiu também o trono português, vago com o desaparecimento do rei D. Sebastião numa crizada contra os mouros no Marrocos, dois anos antes. Durante os sessenta anos seguintes, Portugal foi governado pela espanha, num périodo que ficou conhecido como União Ibérica. São dessa época os primeiros registros de proposta de mudança da corte para a America. Algumas décadas mas tarde, em 1736, o então embaixador português em Paris, Luiz da Cunha, escrevia num memorando secreto a D. João V que Portugal não passava de "uma orelha de terra", onde o rei "jamais poderia dormir em paz e segurança". A solução sugerida por Cunha, era mudar a corte para o Brasil, onde João V asumiria o título de "imperador do Ocidente" e indicaria um vice-rei para governar Portugal. Foi ainda mais longe, sugerindo que a eventual perda de Portugal e Algarves para a Espanha poderia ser compensada com a anexação de parte do território da Argentina e do Chile ao Brasil. Em 1762. diante de mais uma ameaça de invasão, o então marquês de Pombal propôs que o rei Jose I tomasse "as medidas necessárias para sua passagem para o Brasil".
Como se percebe no texto Portugal passou mais de 220 anos para ter alguem igual a D João VI que realmente fizesse a viagem para terras tupiniquim.
Parabéns a Laurentino e seus colaboradores pelo resgate historico. Nós brasileiros e portugueses merecemos.

8 de julho de 2009

MAMÃE E O SENTIDO DE VIDA / HISTORIAS DE PSICOTERAPIA


Nos últimos dias dediquei-me a leitura do livro que tem como titulo o mesmo desta postagem, é um livro do Dr. Irvin D. Yalom, escritor e psiquiatra americano, nascido em 1931, atualmente professor emérito de psiquiatria na Universidade de Stanford.
O livro tem seis historias que misturam ficção e realidade de forma harmônica, Yalom consegue um otimo desempenho no quesito "contador de historias", porem sua prática e experiência profissional torna o texto um pouco dificil de ler. Comparo-o a subida de uma montanha, por alguem inexperiente em subidas.
De inicio, vontade de subir (ler o livro) em seguida a 1ª historia (ou a primeira encarada da montanha, dá um cansaço, texto dificil de ler...). Porem depois dela, vem a brisa refrescante, como a sensação de ter conseguido vencer um grande obstáculo, no livro os textos se tornam mais acessiveis e mais agéis, facilitando a leitura. daí em diante a subida se torna um praser, é a brisa, são as flores, os aromas, o texto se torna delicioso, talvez pelo maior entrosamento com os termos desconhecidos da primeira historia.
Ao fim do livro, temos o melhor da aventura, a historia "A maldição do Gato Húngaro" fecha de forma maravilhosa o livro, como se em cima da montanha avistassemos uma bela e inesquecivel paisagem. Na minha opinião valeu muito subir a montanha!



23 de junho de 2009

O VENDEDOR DE SONHOS

Nos últimos 15 dias eu tive o prazer de ler “O Vendedor de Sonhos”, de Augusto Cury. É um livro maravilhoso no mais alto grau que a palavra possa expressar. Lendo-o encontrei um pouco de minha própria historia, revi alguns de meus medos, pude, ao menos em um curto espaço de tempo sentir um pouco da minha pequenez, um pouco da minha verdadeira essência. É do livro o vendedor de sonhos que retirei a parábola abaixo, não resisti e transcrevi também a “canção” oficial da turma “transloucada” que faz a festa no livro inteiro. E você? Qual seu grande sonho? Seja qual for, o vendedor de sonhos tem e lhe oferece... e o melhor a custo zero! Habilite-se a adquiri-lo, viva o seu sonho!


A Parábola do Casulo
“Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentindo-se frágil, pensou consigo: ‘A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se falar o néctar? Quem irá me socorrer?’ Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas como não tinha como sobreviver, morreu de modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo medo que tecera.

A outra borboleta também ficou apreensiva; tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais do que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava sua essência.”

A "canção oficial" dos caminhantes

Sou apenas um caminhante
Que perdeu o medo de se perder
Estou certo de que sou imperfeito
Podem chamar-me louco
Podem gozar das minhas ideias
Não importa!
O que importa é que sou um caminhante
Que vende sonhos aos transeuntes
Não tenho bússola nem agenda
Não tenho nada, mas tenho tudo
Sou apenas um caminhante
À procura de si mesmo."