Eu prefiro os textos "doces", me fazem um bem enorme e não dão "diabete", só refrescam a alma e nos permitem sonhar, sonhar aliás, ainda é algo que os governantes, em tempo algum ou em país algum ainda não conseguiram proibir.
Depois de ler a cidade do sol, do afegão Khaled Hosseini, que de certa forma é uma "continuação" de O caçador de pipas, sem o uso dos mesmos personagens daquele livro maravilhoso, porem com a mesma temática, com o mesmo "pano de fundo" do livro anterior. Este segundo livro é tão emocionante quanto o primeiro e tão bem escrito, que nos sentimos em Cabul, a cidade do sol, o sol que vem das montanhas, que derrete a neve depois do inverno e os diversos "sois" artificiais, conhecido como mísseis, que derretem a vida e os sonhos na mesma Cabul.
Esta é a emocionante luta de Marian e Laila por reconhecimento de suas virtudes, reconhecimento de suas sensibilidades, reconhecimento de sua condição de ser humano. A mulher afegã é mostrada de forma nua, apesar de aparecer sempre de "burqa", a roupa tradicional mais usada naquele país. Khaled mostra tudo, todo o massacre emocional e fisico a que são submetidas as mães, filhas e irmãs naquele país.
Para nós brasileiros, as torturas sofridas pelas mulheres afegãns só podem serem comparadas as torturas sofridas pelos negros na época da escravidão, ambos, mulheres e negros "pagando" pelo mesmo crime, o crime de terem nascido.
Como escrevi no ínicio prefiro,os textos doces, porem deste livro, irei transcrever abaixo algumas proibições absurdas, que segundo Housseini foram impostas aos habitantes de Cabul, na época em que os Talibans assumiram o poder, vamos a elas:
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É proibido Cantar.
É proibido Dançar.
É proibido jogar cartas, jogar xadrex, fazer apostas e soltar pipas.
É proibido escrever livros, verfilmes e pintar quadros.
Quem possuir periquitos será espancado e os pássaros mortos.
Quem roubar terá a mão direita cortada na altura do pulso, quem voltar a roubar terá um pé decepado.
Quem não é muculmano não pode realizar seu culto em lugar onde possa ser visto por muçulmanos. Quem fizer isto será espancado e detido. Quem for apanhado tentando converter um muçulmano a sua fé será executado.
Atenção mulheres:
Vocês deverão permanecer em casa. Não é adequado uma mulher circular pelas ruas sem estar indo a um local determinado. Quem sair de casa deverá se fazer acompanhar de um "mahram",, um parente do sexo masculino. A mulher que for apanhada sozinha será espancada e mandada de volta para casa.
Vocês não deverão mostrar o rosto em circunstãncia alguma. Sempre que sairem a rua, deverão usar a burqa. A mulher que não fizer isso será severamente espancada.
Estão proibidos os cosméticos.
Estão proibidas as jóias.
Vocês não deverão usar roupas atraentes.
Só deverão falar quando alguem lhes dirigir a palavra.
Não deverão olhar um homem nos olhos.
Não deverão rir em público. A mulher que fizer isso, será espancada.
Não deverão pintar as unhas. A mulher que fizer isso perderá um dedo.
As meninas estão proibidas de frequentar escolas, todas as escolas femininas serão imediatamente fechadas.
As mulheres estão proibidas de trabalhar.
A mulher que for culpada de adultério será apedrejada até a morte.
Ouçam, Ouçam bem Obedeçam. Allah-u-akbar.
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Fonte Hosseini, Khaled. A cidade do sol. (tradução: Maria Helena Rouanet). Nova fronteira, Rio de Janeiro, 2007.
o livro cidade do sol foi sem duvida alguma um dos melhores livros que já tive a oportunidade de ler literatura impolgante , sabe aquela vontade de quero mais ? pois ée se isso e oq vc procura leia cidade do sol . bjúu !
ResponderExcluirAcrescentando à lista das proibições absurdas: mulheres com sapatos que ao andar, façam barulho na rua, também apanham. E rasgava-se todas as imagens de figuras femininas impressas nas embalagens dos produtos importados que chegavam ao país....
ResponderExcluirA cidade do sol tem um tempo perfeito,a vida das duas personagens passam inteiras diante de nossos olhos sem demora ou pressa.Sem frieza ou emoção exagerada , nos revela uma realidade assustadora , principalmente porque não são relatos antigos , absurdos que ainda exalam o cheiro da podridão humana em nossas narinas.
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