19 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO

Perdemos a companhia física de José Saramago, física como ser vivo, respirando o mesmo oxigênio, pois em qualquer lugar do planeta que estivermos, de certa foram estamos "ligados", ligados porque ao mesmo tempo respiramos o mesmo ar. Este ar que nos une deveria servir para nos fazer entender que onde estivermos, estaremos juntos com outros seres vivos, estaremos compartilhando o mesmo ar. Porque não compartilharmos tambem as idéias. Vamos discutir?

Saramago não tinha religião, porem tinha idéias sobre religiosidade, sobre política, sobre ecologia, enfim sobre a vida, neste momento de despedida vale muito lembrar alguns trechinhos deste maravilhoso escritor que soube enfeitar e reverenciar a nossa "bela e inculta flor do lácio".

"Não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo."


"A lucidez é um luxo que nem todos se podem permitir."

"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não."

"O único progresso verdadeiro é o progresso moral. O resto é simplesmente ter mais ou menos bens."

"Tudo neste mundo tem uma resposta. O que leva é tempo para se formular as perguntas."

"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas."

"Independência absoluta não existe. Vivemos numa sociedade de interdependências que se expandem em progressão geométrica."

"Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor."

"A sabedoria diz que o erro é inseparável da ação justa, que a mentira é inseparável da sua verdade, que o homem é inseparável da sua negação."

"É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido."

"Vá cada um aonde possa pelos seus próprios meios: guias e gurus são más companhias."

"Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro."

"A carne é fraca e os políticos são feitos de carne. No momento em que o cidadão renuncia a intervir na vida política do país, o poder real escapa-lhe das mãos."

"Como cidadão, o escritor tem compromisso com seu tempo, seu país, as circunstâncias do mundo. O futuro vai julgar a obra do autor, mas o presente tem o direito de fazer um juízo sobre o autor que ele é."

"Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo."

"Sem política não se organiza uma sociedade. O problema é que a sociedade está nas mãos de políticos profissionais."

"Tudo o que fiz foi com plena consciência de um ser humano que busca relatar sua identidade. Preciso indagar que diabos estou fazendo aqui, na vida, na sociedade e na história."

"Que seria de nós se não sonhássemos?"

"Sim, não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo."

O tempo, não deixou que o escritor completasse seu último trabalho, que tinha como título “Alabardas, alabardas! Espingardas, espingardas!” Porem a herança que nos deixa soma mais de 30 livros entre romances, poesias, ensaios e peças de teatro. Ha muito o que se ler e pensar sobre a grande obra deste ser humano que sempre manteve seu jeito simples e humilde de viver. De serralheiro a escritor renomado, porem sem perder o contato com suas raizes e seu povo. Obrigado por tudo, Saramago!

8 de junho de 2010

A COMPLICADA ARTE DE VER


Olá amigos,
Recebi de um conhecido este artigo do escritor e teólogo Rubem Alves; gostei e estou compartilhando com vocês. A citação que faço a seguir acredito que se encaixa perfeitamente bem com o texto em tela:

“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! (Mt 6.22,23).

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtml


Rubem Alves: A complicada arte de ver

Rubem Alves colunista da Folha de S.Paulo.

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê".

Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Rubem Alves, 71, educador, escritor. Livros novos para crianças e adultos-crianças: "Os Três Reis" (Loyola) e "Caindo na Real: Cinderela e Chapeuzinho Vermelho para o Tempo Atual" (Papirus).
Site: http://www.rubemalves.com.br/

6 de junho de 2010

A CABANA - A CANÇÃO DE MISSY

Que tal passar uns dias na "Cabana"? Ta sem tempo? Tudo bem, fica pra outro fim de semana... Sem problemas. É hoje? esteja preparado? Você sabe chegar a cabana? O caminho não é facil... e você não sabe o que vai encontrar de verdade lá... quer mesmo ir?
Se você quer, eu juro  que vale a pena, essa cabana  fica em um local onde eu creio que todos deveriam ir algum dia,  é uma cabana mágica onde você irá se descobrir e de lá sairá um novo ser, mais tranquilo, mais preparado para o corre corre do dia a dia, eu recomendo leia A Cabana de William P. Young.
O livro é de ficção, porem usa "personagens" bastante conhecidos de nossa cultura, a magia esta na forma como estes "personagens" são caracterizados pelo autor, ele os humaniza para mostrar sua grandiosidade, parece antangônico? Eu tambem acho, porem para aqueles que leem este blog, e que sabem a minha maneira de pensar verão que isso é um enorme elogio. O elogio a humanidade, a sua enorme capacidade de criar histórias, algumas, como esta, extremamente encantadoras.
Na contracapa do livro esta um resumo conciso dele, nas palavras de  Michael W. Smith: "Esta história deve ser lida como se fosse uma oração - a melhor forma de oração, cheia de ternura, amor, transparência e surpresas. Se você tiver que escolher apenas um livro de ficção para ler este ano, leia A cabana"
Você poderia dizer: Ué isso é um resumo do livro? A resposta seria Sim, com certesa. Seria um resumo conciso perfeito, seria o "sumo" que o Michael extraiu do livro pois o livro tem isso tudo - ternura, amor, transparência e surpresas - não exatamente nesta ordem, ele começa de forma bem rude, porem extremamente provocante no sentido de fazer o leitor continuar a "degusta-lo".
Foi inevitável, para mim não sentir uma sintonia do livro com  o tema deste blog, você lembra o tema? Caverna de idéias - Deixe-se iluminar... Ilumine a caverna de alguem! Colabore!  A cabana é uma espécie de caverna  onde o personagem central do texto vai para se encontrar com  alguem que ele duvida que exista, haverá o encontro? e você ja deixou alguma luz invadir sua caverna? Alguma vez ja foi luz para clarear a caverna de alguém?
Sempre acho que escrevo demais, sempre penso que misturo as coisas.É o que deve estar passando por sua cabeça agora. Afinal ele esta falando do livro ou do blog? No fundo eu estou falando da vida, do nosso cotidiano, das coisas pequenas que nem damos valor mas que na verdade são o bom da vida, são o que fazem valer a pena trabalhar, se esforçar para ter dignidade diante da loucura do capitalismo.
Eu creio em um mundo onde as pessoas seja responsáveis pelos bons e maus momentos de sua vida, porem não dá para negar que a interação com outros seres interferem no "resultado" de nossos esforços . Alguns ajuda-nos, outros atrapalham. Devemos abraçar mais os que nos ajudam e perdoar os que nos atrapalham, talvez esta seja uma das principais mensagens do livro de William.
Quero agradecer ao Rev. Rosivan Rios por ter me dado este livro para ler.
Abaixo esta a única canção do livro a CANÇÃO DE MISSY

Respire em mim... fundo,
Para que eu respire... e viva.
E me abrace apertado para eu dormir
Suavemente segura por tudo que você dá.

Venha me beijar, vento, e tire meu fôlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre túmulos
Até que toda a morte se vá

E ninguem sabe que existimos
Nos braços um do outro,
A não ser Aquele que soprou a hálito
Que me esconde livre do mal

Venha me beijar, vento, e tire mei fôlego
Até que você e  eu sejamos um só,
E dançaremos entre os túmulos
Até que toda a morte se vá.

E você ja leu a cabana? Se leu escreva no comentário sua opinião sobre o livro. Se não leu, leia Vale muito a pena!

3 de junho de 2010

CONHECENDO O ISLAMISMO - O LIVRO

Capa do Livro com imagem ilustrativa de Muhammed, o principal profeta segundo o Islamismo

As religiões fazem parte da vida da maioria dos seres humanos, é inegavel que elas tragam uma segurança e com isso propocionem um estado de paz e satisfação, todos estes fatores somados fazem com que as crenças tenham papel fundamental na vida cotidiana da humanidade.

Eu não tenho crença, porem tenho curiosidade e ler sobre as crenças é uma forma de cultura interessante, pois traz, pra mim um sentimento que eu não vivo sem ele: O respeito ao proximo, especialmente na sua forma de pensar e conviver em grupo.

Este respeito, só é possivel com a compreenção so outro, se possivel em todos os seus jeitos e trejeitos, incluidos aí a sua religião, o seu time de futebol preferido e, até sua opção politica ou sexual, o fato é que existe o outro, e ele é diferente de você, totalmente diferente, único, enfim um outro ser humano que respira o mesmo ar que você, que tem carencias parecidas, mas que tem peculiaridades singulares.

Partindo deste contexto resolvi ler o livro de Matthew Gordon, Conhecendo o Islamismo da editora Vozes. É um texto bastante sucinto que traz em linhas gerais as origens, as crenças, as praticas e uma breve explanação sobre os textos sagrados e os lugares sagrados do Islamismo. Vale a pena a leitura para quem quiser conhecer um pouquinho da fé que mais cresce no mundo atualmente.

No meu entendimento, o livro, de certa forma, coloca o Islamismo como a continuação do Cristianismo, sendo assim a fé Islâmica respeita e honra todos os profetas existentes nos livros da Bíblia, desde o primeiro passando por Cristo (que para o Islamismo foi apenas mais um profeta) até chegar no maior profeta que eles reconhecem, o qual teve contato pessoal com o próprio Deus, que foi Muhammad ibn Abdallah (conhecido no ocidente por Maomé) o qual, segundo a tradição islamita escreveu o Quran (Corão ou Alcorão) revelado pelo proprio Deus.

Segundo o Alcorão "Deus é aquele que eregiu os céus sem apoio, como se pode ver, e depois sentou-se em seu trono e sujeitou o sol e a lua à sua vontade" ( Sura 13,2). "Deus atesta que não há deus senão ele, como o atestam os anjos e os que possuem conhecimento. Ele só age com justiça. Não há deus senão ele, o Todo-poderoso, o Todo-Sábio" ( Sura 3,18)


O nome de Deus no Islamismo é Allah (Alá, para nós ocidentais) e que dizer exatamente  isso "único Deus", já o termo Islam significa "entrega total a Deus", os seja a fé islamica se baseia na extrema confiança, no poder absoluto de seu salvador. A palavra Quran siginifica "recitação, leitura" então Quran ( Alcorão) é a leitura do texto sagrado, segundo as crenças, no inicio o proprio profeta Maomé recitava e explicava o texto a seus seguidores. O Alcorão é composto de 114 Suras (cápitulos). As Suras são compostas de ayat (versículos). Assim ao ler Sura 13,4 pode-se entender como Capitulo 13 versículo 4.

Para terminar vou colocar pequenos trechos sagrados do Islamismo:

Foi ele quem os criou de um unico ser
E da mesma natureza fez a companheira dele
De modo que se inclinasse para ela...
( Sura 7,189)

O profeta disse: "uma mulher é dada em casamento
por quatro razões:  por causa de sua riqueza,
da reputação de sua familia, de sua beleza e de sua piedade.
Dá precedência às que possuem piedade"
Os profetas viu as crianças retornando de uma celebração de casamento
Levantou-se e disse: "por deus, vós sois para mim as pessoas mais
queridas" e repetiu isto três vezes.
(Hadidth, da coleção de al-Bukhari)

Casa com mulheres do teu agrado,
duas  três ou quatro"
(Sura 4,3)