4 de maio de 2009

TRABALHO LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Atividade 1 – DIVAGAÇÕES SOBRE O DIALETO CAIPIRA.

Eu vó te dizê: lugá de muiê é na cuziá. Esta frase, apesar de não parecer em língua portuguesa, esta perfeitamente aceita e legitimamente “entendida” no nosso idioma, tratava-se de uma variação muito usada na costa brasileira, principalmente nos primeiros anos de colônia, quando os jesuítas esforçavam-se para evangelizar os povos nativos.
Segundo historiadores este dialeto foi resultado de uma dificuldade natural que as pessoas tem de emitir novos sons, ou seja, falar uma língua que não estavam acostumados, neste sentido “ajustavam” o novo idioma ao que seria possível falar (emitir um som parecido). Tinham maiores dificuldades nos fonemas das letras “l”e “r”, especialmente em final de palavras, sendo assim animal, torna se animá e falar tem a pronuncia falá. No caso das consoantes “dobradas” lh, nh, acontecia um processo de vocalização, por exemplo, colher, vira coiêr e manhoso se transforma em maiôso.
Coutinho, no recorte de trecho, enviado pela professora Lilian para este trabalho, percebe que este dialeto caipira esta sendo extinto pelo progresso do país e pela “invasão” dos novos meios de comunicação na vida de pessoas simples que viveram (e vivem) afastados dos grandes centros urbanos. Eu iria mais longe, o dialeto caipira esta sendo menos usado também por motivos hereditário, seus primeiros usuários falavam outra língua e tinha a dificuldade de falar o português, os novos usuários já nasceram “ouvindo” o português e por isso tendem a falar sem a dificuldade que existia anteriormente, em outros termos já é a língua natural, daí a facilidade de emitir os sons que nos dias de hoje acontece.
Se eu estou certo, então o que explica a “sobrevivência” deste dialeto em pequenas cidades? Neste caso volta-se a teoria de que o ser humano tende a formar palavras paroxítonas, com menos letras, daí que algumas pessoas continuam falando da maneira que entendem mais fácil, e fazem menos esforço.
Na literatura temos personagens interessantes, entre eles vale destacar o Jeca Tatu de Monteiro Lobato, caipira típico que com o menor esforço possível conseguia sobreviver às maiores dificuldades. Deixando as historias literárias de lado e colocando em pratica os ensinamentos do curso quanto a historia da língua e suas fontes de conhecimento poderiam dizer que o dialeto caipira foi uma pequena gota de orvalho na enorme árvore que nos presenteou com a “última flor do Lácio”.
Como todo orvalho, irrigou a planta, foi interessante enquanto existiu, mas com a chegada do sol (conhecimento da língua) secou, sem deixar maiores rastros. Seus metaplasmos apócopes e síncopes tendem a desaparecer com o passar dos anos e devem ter um pequeno espaço nos grandes livros de lingüísticas históricas que serão feitos e revisados sobre a origem, evolução e transformação da língua portuguesa.
Só o pensamento do velho caipira, continua sendo aceito, apesar de sofrer enormes alterações: Lugar de mulher é na cozinha, no escritório, na presidência da república...

Atividade 2 – ANALOGIA, A METAMORFOSE DA LÍNGUA.

A relação de semelhança, principalmente de sentido entre palavras existentes e conhecidas com outras, que devem existir, mas talvez eu não ás conheça é um dos grandes mistérios da língua portuguesa. Porque “embarcamos” em um avião?
A analogia, ao contrario dos demais processos estudados, os metaplasmos, ela não acrescenta, elimina ou muda fonemas. O que ela faz é mudar um sentido inteiro para outro, às vezes oposto, isso geralmente acontece depois de um longo período de tempo.
Esta metamorfose das palavras no decorrer da historia formaram frases “celebres”. Walter Prevóst disse: “A memória é como uma maleta. Sempre colocamos nela coisas que não servem para nada”. Jonh Lennon falou: “A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor”. Ambos falavam da mesma coisa, de formas diferentes e em momentos diferentes, falavam da intertextualidade de forma analógica, comparavam, faziam por base na semelhança analogias as suas respectivas filosofias.
Analogia em lingüística é isso: a mudança de sentido, ora em uma só palavra, ora em uma frase inteira, é um “objeto deformador” que não deforma e sim “toma emprestado” de acordo com o contexto qualquer palavra, e usa-a de forma que todos a compreendam, mesmo que ela nem lembre o seu sentido “original”
Peixeira é uma faca pequena e afiada, que possivelmente ganhou este nome devido ao seu uso inicial para limpar peixes (perceba que o Darwin devia mesmo estar certo tudo começo nas águas, ou perto delas, embarcar, peixeira, tudo leva-nos de volta as águas). Hoje a peixeira, em algumas regiões, é mais conhecida que o nome faca, assim sendo em algumas décadas, nestas regiões peixeira assumirá o “sentido” total de faca, com isso, teremos a peixeira de mesa (faca de mesa) assim como já temos a peixeira de gado, a peixeira do churrasco...
Mas, voltando ao inicio do texto, qual o neologismo que poderia criar para entrar em um avião? Para criá-lo com certeza seria necessário mais uma analogia, como “entrar em um barco”, é embarcar entrar em um avião, seria emàviar; em um trem, emtrenzar; e em um ônibus? Bem em um ônibus, seria preciso usar uma linguagem atual, buzú, aí embuzuariamos. Ainda bem que podemos usar a analogia, assim deformamos e simplificamos.



Referências:

BIBLIO.COM.BR. O dialeto caipira – Amadeu Amaral. Disponível em: < www.biblio.com.br/conteudo/amadeuamaral/odialetocaipracreditos.htm > Acesso em 10 mar.2009.

BRASIL ESCOLA. Charles Darwin. Disponível em <http://www.brasilescola.com/biologia/charles-darwin.htm > Acesso em: 10 mar.2009.

FRAZZ. Walter Prévost. Disponível em < http://www.frazz.com.br/frase.html/Walter_Prevost-A_memoria_e_como_uma-59003 > Acesso em: 13 mar. 2009.

LIMA, Lilian S A Moreira. Lingua portuguesa: história. Universidade Norte do Paraná, letras 7. São Paulo. Pearson Education do Brasil, 2009.

MARTINS, José de Sousa. Línguas brasileiras – dialeto caipira. Disponível em: < http://www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/caipira.html > Acesso 11 mar. 2009.

MENSAGENS COM AMOR. Frases de Jonh Lennon. Disponível em < http://www.mensagenscomamor.com/frases_de_john_lennon.htm > Acesso em: 13 mar. 2009.

SILVEIRA, Antonio. De Jeca tatu a Zé ninguém. Disponível em < http://www.aultimaarcadenoe.com/conto8.htm > Acesso 10 mar. 2009.

TEXTO EDITORES UNIVERSAL. Língua portuguesa on-line. Disponível em <http://www.priberam.pt/dlpo.> Acesso em: 14 mar. 2009.

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