24 de janeiro de 2010

Um Bom Livro!

Ola! Recebi como um desafio a sugestão de contribuir com esse blog de Literatura e Idéias. E como não sou de fugir de um desafio... Aqui estou!
Pensei o que dizer nessa primeira participação, e me veio à mente refletir sob algo que é interesse comum de todos nós: Um bom livro! Afinal o que é um bom livro?
Alguém pode dizer que é aquele que aparece em 1º lugar na lista dos mais vendidos... Outro, que é o livro do autor renomado, indicado pela crítica especializada. E aquele, que quiser encerrar mais rapidamente a reflexão, dirá: "isso é muito subjetivo!".
Será que é tão simples assim? Será que essas respostas imediatas traduzem o que é um bom livro. Creio que não!
Às vezes lemos um livro, e adoramos; outras vezes achamos que faltou algo. Pode ser um final surpreendente ou uma dose de realimos. Um romance a mais ou a menos. Pode ser tantas coisas...
Sabe! Tenho uma maneira muito particular de pensar sobre livros. Acho que nem sempre estamos preparados para ler um ou outro título. Dependendo da fase em que nos encontramos na nossa vida, aquele livro pode ou não trazer, dentro da gente, a sensação de que foi um bom livro ou não. Mas, no final, se nos determos um pouco mais nessa reflexão, veremos que, ainda que a sensação ao final da leitura seja de que não gostou tanto assim do livro. Ainda assim, será um bom livro.
E essa constatação é muito simples. O livro nos transporta a um universo desconhecido. Por meio dele temos a chance de viajar nas idéias do autor, ir a lugares incríveis, conhecer culturas e personagens inimagináveis. É impossível ler um livro e não agregar alguma coisa ao nosso universo de saber. Gostando ou não, ele "entrou" no nosso mundo de conhecimento. Na nossa capacidade de falar sobre o assunto, de discutir as idéias defendidas ali. Ser contra ou favor...
O que nos leva a reconhecer: TODO LIVRO É UM BOM LIVRO!
Bom, porque é o que estamos lendo. É o que está nos fazendo companhia nas agradáveis horas de leitura. Que nos faz pensar mais... querer mais...Ser alguém melhor. Tudo isso está nos livros
Então...Boa Leitura!

21 de janeiro de 2010

10 de janeiro de 2010

A CIDADE DO SOL - É proibido cantar.

Eu prefiro os textos "doces", me fazem um bem enorme e não dão "diabete", só refrescam a alma e nos permitem sonhar, sonhar aliás, ainda é algo que os governantes, em tempo algum ou em país algum ainda não conseguiram proibir.
Depois de ler a cidade do sol, do afegão Khaled Hosseini, que de certa forma é uma "continuação" de O caçador de pipas, sem o uso dos mesmos personagens daquele livro maravilhoso, porem com a mesma temática, com o mesmo "pano de fundo" do livro anterior. Este segundo livro é tão emocionante quanto o primeiro e tão bem escrito, que nos sentimos em Cabul, a cidade do sol, o sol que vem das montanhas, que derrete a neve depois do inverno e os diversos "sois" artificiais, conhecido como mísseis, que derretem a vida e os sonhos na mesma Cabul.
Esta é a emocionante luta de Marian e Laila por reconhecimento de suas virtudes, reconhecimento de suas sensibilidades, reconhecimento de sua condição de ser humano. A mulher afegã é mostrada de forma nua, apesar de aparecer sempre de "burqa", a roupa tradicional mais usada naquele país. Khaled mostra tudo, todo o massacre emocional e fisico a que são submetidas as mães, filhas e irmãs naquele país.
Para nós brasileiros, as torturas sofridas pelas mulheres afegãns só podem serem comparadas as torturas sofridas pelos negros na época da escravidão, ambos, mulheres e negros "pagando" pelo mesmo crime, o crime de terem nascido.
Como escrevi no ínicio prefiro,os textos doces, porem deste livro, irei transcrever abaixo algumas proibições absurdas, que segundo Housseini foram impostas aos habitantes de Cabul, na época em que os Talibans assumiram o poder, vamos a elas:
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É proibido Cantar.
É proibido Dançar.
É proibido jogar cartas, jogar xadrex, fazer apostas e soltar pipas.
É proibido escrever livros, verfilmes e pintar quadros.
Quem possuir periquitos será espancado e os pássaros mortos.
Quem roubar terá a mão direita cortada na altura do pulso, quem voltar a roubar terá um pé decepado.
Quem não é muculmano não pode realizar seu culto em lugar onde possa ser visto por muçulmanos. Quem fizer isto será espancado e detido. Quem for apanhado tentando converter um muçulmano a sua fé será executado.
Atenção mulheres:
Vocês deverão permanecer em casa. Não é adequado uma mulher circular pelas ruas sem estar indo a um local determinado. Quem sair de casa deverá se fazer acompanhar de um "mahram",, um parente do sexo masculino. A mulher que for apanhada sozinha será espancada e mandada de volta para casa.
Vocês não deverão mostrar o rosto em circunstãncia alguma. Sempre que sairem a rua, deverão usar a burqa. A mulher que não fizer isso será severamente espancada.
Estão proibidos os cosméticos.
Estão proibidas as jóias.
Vocês não deverão usar roupas atraentes.
Só deverão falar quando alguem lhes dirigir a palavra.
Não deverão olhar um homem nos olhos.
Não deverão rir em público. A mulher que fizer isso, será espancada.
Não deverão pintar as unhas. A mulher que fizer isso perderá um dedo.
As meninas estão proibidas de frequentar escolas, todas as escolas femininas serão imediatamente fechadas.
As mulheres estão proibidas de trabalhar.
A mulher que for culpada de adultério será apedrejada até a morte.
Ouçam, Ouçam bem Obedeçam. Allah-u-akbar.
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Fonte Hosseini, Khaled. A cidade do sol. (tradução: Maria Helena Rouanet). Nova fronteira, Rio de Janeiro, 2007.

2 de janeiro de 2010

O CAÇADOR DE PIPAS - A noite de Yelda


Aproveitei os ultimos dias de 2009 para ler um pouco, ja sentia saudades de livros, de belos personagens e de boas historias, havia comprado o livro "o caçador de pipas" ha uns meses porem a falta de tempo me fez deixa-lo guardado na gaveta, agora no finalzinho de um ano e início de outro chegou, enfim o dia em que pude le-lo.
O livro tem todos os ingredientes para conquistar o leitor, e comigo não foi diferente, não consegui parar de le-lo e devorei a última página nos primeiros dias de 2010. Chorei, confesso, tenho temperamento tolerante e tento viver em um mundo multiracial, multicultural, onde todas as crenças e etnias convivem em paz e ler as diferenças de tratamento entre as etnias do Afeganistão, a semelhança com o nazismo e misturado a este caldeirão a amizade sincera de Hassan comove e nos traz um pouco de confiança na convivencia pacifica entre os seres vivos.
Identifiquei-me com o "baba" de Amir, sua crença na inexistência de seres divinos, sua certeza em fazer o que seria possível para um mundo melhor, sua autopunição em forma de bondade, enfim um personagem forte que foi muito bem lapidado pelo excelente escritor Khaled Hosseini.
Meus "nós" na garganta foram desviados pelas piadas sobre o mulá Nasruddin e pela coragem dos personagens infantis do romance, vale, muito a pena le-lo. Abaixo transcreverei um pequeno texto, creio que o mais adocicado do livro, delicie-se!
" No Afeganistão, a Yelda é a primeira noite do mês de jadi, a primeira noite do inverno, e a mais longa do ano. Como mandava a tradição, Hassan e eu ficávamos acordados até mais tarde, com os pés enfiados debaixo do kursi, enquanto Ali atirava cascas de maçã no fogareiro e nos contava velhas histórias de sultões e de ladrões para passar o tempo dessa noite que era a mais comprida de todas. Foi por meio de Ali que fiquei conhecendo a tradição da yelda, daqueles meses enfeitiçados, que se precipitam para as chamas des velas, e dos lobos que sobem ao alto das montanhas em busca de sol. Ali jurava que quem comese melancia na noite da yelda não sentiria sede durante o verão seguinte.
Quando fiquei mais velho, li nos meus livros de poesia que a yelda era a noite sem estrelas em que aqueles que sofrem por amor permanecem acordados, suportando a escuridão interminável e esperando que o nascer do sol traga consigo a pessoa amada. Depois que conheci Soraya Taheri, todas as noites da semana passaram a ser (noites de) Yelda para mim.

1808 - DOM JOÃO por Laurentino Gomes

Nos dias finais de 2009, terminei de ler 1808. Um livro muito interessante e que deveria ser lido por boa parte dos brasileiros e portugueses que tivessem acesso a leitura de qualidade, Laurentino, que escreveu o livro brinda nos com textos de muito bom gostoe de excessivo zelo ao tentar mostrar nos um momento, que pode ser considerado o nascimento do nosso Brasil.
Eu sempre me perguntei, porque o Brasil passou tantos anos para evoluir? Porque os Estados Unidos foram mais rapidos para tornarem-se indepedentes? Algumas respostas estão no livro de Laurentino.
Mas o livro não é apenas isso, ele vai mais fundo no lado pessoal e humano de nosso primeiro monarca, mostra um dom João sem retoques, com suas fraquezas, com seus dissabores, mas acima de tudo um Rei que soube reinar, que nasceu, viveu e moreu como rei, ao contrario da enorme maioria dos Reis de seu tempo. Governar nunca foi fácil, temos exemplos recentes na nossa historia, lembro me vagamente de um texto que li a anos atraz, talvez de verissimo, não tenho certeza do autor, ele dizia:"quem diria que o PSDB ao chegar ao poder se tornaria PFL e, que o PT chegando lá, viraria PSDB".
É isso governar envolveu e ainda hoje envolve tomar as decisãos mais arriscadas, poes um país, leia de novo UM PAÍS esta na sua mão. No caso de D joão um Imperio inteiro. Ainda bem que ele era inseguro e não um ditador tirano.
Vou escrever agora um trechinho do livro para que talvez aguçe a sua curiosidade e faça você ler o livro inteiro: Em 1580, menos de um século depois de descobrimento do Brasil, o rei Felipe II, da espanha, assumiu também o trono português, vago com o desaparecimento do rei D. Sebastião numa crizada contra os mouros no Marrocos, dois anos antes. Durante os sessenta anos seguintes, Portugal foi governado pela espanha, num périodo que ficou conhecido como União Ibérica. São dessa época os primeiros registros de proposta de mudança da corte para a America. Algumas décadas mas tarde, em 1736, o então embaixador português em Paris, Luiz da Cunha, escrevia num memorando secreto a D. João V que Portugal não passava de "uma orelha de terra", onde o rei "jamais poderia dormir em paz e segurança". A solução sugerida por Cunha, era mudar a corte para o Brasil, onde João V asumiria o título de "imperador do Ocidente" e indicaria um vice-rei para governar Portugal. Foi ainda mais longe, sugerindo que a eventual perda de Portugal e Algarves para a Espanha poderia ser compensada com a anexação de parte do território da Argentina e do Chile ao Brasil. Em 1762. diante de mais uma ameaça de invasão, o então marquês de Pombal propôs que o rei Jose I tomasse "as medidas necessárias para sua passagem para o Brasil".
Como se percebe no texto Portugal passou mais de 220 anos para ter alguem igual a D João VI que realmente fizesse a viagem para terras tupiniquim.
Parabéns a Laurentino e seus colaboradores pelo resgate historico. Nós brasileiros e portugueses merecemos.