Morais, de forma romanceada (a
meu ver) conta a trajetória de Paulo Coelho, um inegável sucesso mundial de
vendas de livros. Com a anuência do biografado, o autor mostra todo o seu histórico
talento em pesquisar e condensar
momentos de uma vida.
Indico a leitura do “romance” a
todos que gostem de tentar entender como sempre funcionaram os meios de comunicações
em massa, pois as ideias são difundidas de todas as formas para o bem de “alguém”,
sendo assim quando o poder financeiro é pequeno se faz o “porta a porta” por
meio de distribuição de pequenos folhetos nas filas (de teatros... de bancos, etc) e quando este mesmo poder financeiro é
grande a ideia é distribuída via anúncios de Tv, capas de revistas, outdoors dos mais variados
etc. Sempre com o mesmo objetivo: Vender.
E vender não aceita regras
diferentes de lucrar, assim um obstinado por um sonho tem que se valer de todos
os artifícios para vencer na sua carreira, com isso muitas vezes se “esquece”
da ética, da sobriedade da responsabilidade. O
livro tem este lado positivo, não
esconde os muitos “equívocos” do biografado, mostra um ser humano persistente,
que depois de cada derrota vive “seu inferno particular”, que dura um tempo,
mas sempre dá lugar para novas tentativas. É como se ele mesmo seguisse o conselho
de seu “inimigo íntimo” Raul Seixas: Tente outra vez!
A conclusão do livro fica por
conta do leitor que (se quiser) pode decidir se o biografado afinal conseguiu
realizar seu sonho juvenil de ser um grande escritor, ou se da maneira
equivocada que sempre usou para resolver suas questões conseguiu o que seria possível
para ele: Ser uma celebridade. Leia e decida se quiser.
Ainda é fevereiro e já terminei
de ler o Mago de Fernando Morais, dois livros em um mês? Novidade... na verdade
seriam três, pois entre As crônicas de
Nárnia (post anterior) e este lí também “ Tudo o que você pensa, pense ao
contrário” de Paul Arden, porem o livreto de Arden é só uma coletânea de
pensamentos, que apesar de interessantes, são superficiais e nem merece ser
considerado um livro, é um rápido passatempo. Ao contrario disto o Mago é sim
um livro de verdade. Veja um trechinho abaixo.
“Até escrever o Diário de um Mago, porém, o
garoto magricela criado nos bairros do Botafogo e da Gávea, no Rio, percorreria
uma trajetória mirabolante. Aluno rebelde e relapso, sob os rigores de um pai
severíssimo e implacável, acabou sendo internado à força por três vezes num
hospício, e submetido a brutais sessões de eletrochoque. Confuso com sua
própria identidade sexual, tomou a iniciativa de ir para a cama com homens,
para só então decidir que aquele não era seu caminho. O jovem com tantas
dificuldades para lidar com as mulheres na adolescência daria lugar, depois de
adulto, a um colecionador de conquistas amorosas - algumas das quais
transbordariam para a mídia. Fez de tudo nesse terreno, como participar de
orgias e praticar sexo com uma garota num cemitério. Sua peculiar forma de
encarar e relacionar-se com as mulheres não impediu, nem impede, que mantenha
um sólido casamento de 28 anos com a artista plástica Christina Oiticica, de
quem, assegura ele, nada nem ninguém fará "jamais" com que se separe.
O homem que há mais de três décadas deixou a cocaína e há muitos anos não fuma
maconha chegou a mergulhar fundo, e por muito tempo, no mundo das drogas, sem
excluir praticamente nada. O tédio diante dos estudos formais, razão de seu
permanente insucesso escolar, não impediu que Paulo se tornasse voraz
consumidor de livros.” (Fernando Morais)