3 de setembro de 2008

RELATÓRIO DE ESTAGIO I - Observação



(Modelo de introdução)


Manter o passo firme, o pensamento focado, a mente aberta a novas formas de entender o mundo, o olhar no passado, tentando compreender o presente e projetar o futuro. É com esta visão que agora inicio a redigir o meu “segundo passo”, rumo a conclusão de uma licenciatura em Letras, pela faculdade Caverna. Já conheço o colégio no qual irei observar as aulas, já mantive contato com a maioria dos professores, resta entregar-me ao estudo da literatura, poder perceber seus ensinamentos, às vezes sutis, junto com as aulas de Língua Portuguesa, como geralmente acontece nas séries do ensino fundamental. Outras vezes como uma aventura na história com seus períodos e suas mais belas expressões gravadas em livros imortais que ficarão para sempre registrados em minha memória como marcas inesquecíveis de belos momentos. Porem tentarei, não perder a minha capacidade critica/criativa de pensar, e sobre os conhecimentos existentes, reformular novas idéias, surgidas da reflexão e da constatação de que o único motivo de estarmos aqui é fazer as coisas que nos deixam felizes. Serei fiel aos fatos, deixarei aqui minhas mais sinceras impressões e continuarei a caminhar na escada que me levará a conclusão de um antigo objetivo, que é tornar-me um bom professor.






(corpo to trabalho, o assunto é solicitado pela facul)
LIVRO PINÓQUIO ÀS AVESSAS, CRÍTICAS SOBRE A MANEIRA DE ENSINAR.

O que você quer ser quando crescer? Quem já não ouviu (ou leu) esta pergunta antes? Poderíamos dar várias respostas, com certeza cada uma com sua razão, cada uma com seu sentido idiossincrático, mas no fundo de cada resposta diferente, estaria subentendido a mesma verdade: Quando eu crescer, quero ser feliz.
No livro, Pinóquio às avessas, O filósofo Rubem Alves, de forma contundente critica a falta de sensibilidade do sistema educacional ao negar aos estudantes o direito a realizarem seus sonhos ao crescerem, ou seja, do ponto de vista do autor a escola, da forma que é ensinada hoje transforma “crianças que brincam em adultos que trabalham” sem necessariamente se preocuparem com as diferenças de habilidades de cada ser humano.
O pedagogo rejeita a escola “formatada”, que ensina o que não faz sentido para a vida e que tem como principal objetivo preparar o aluno para passar no vestibular, esta concepção de educação mercantilista, patrocinada pelos governos capitalistas que no final da historia querem mesmo é preparar operários para as mais diferentes formas de gerar riquezas, não se preocupando com o lado individual de cada ser humano. Como conseqüência disso geram pessoas “de sucesso”, que no fundo convivem com a frustração de não serem felizes, por não terem seguido seus sentimentos mais íntimos, que foram “podados” pelo sistema educacional.
É importante destacar, porém que, o mestre não concentra suas críticas nas instituições escolares, ele distribui a “culpa” por toda a sociedade, partindo dos “pais” que não aceitando suas limitações em responderem perguntas inesperadas, para as quais nem foram preparados, nem refletiram sobre o assunto, “passam” a responsabilidade à escola, que por sua fez, não respondem e tratam de “enquadrarem” as crianças às normas rígidas do sistema previamente elaborado por “especialistas” em transformarem as curiosidades infantis, em acomodação de adultos.
Diante desta educação perfeita para o capitalismo, produtora de “excelentes” profissionais, com destacados diplomas e inspirando-me no mestre Rubem Alves, eu inverto a pergunta do inicio do texto, agora feita pela criança ao adulto: O que você vai me deixar ser quando eu crescer? Um pai zeloso dará uma boa resposta, mas no intimo saberá que a resposta certa é: Um boneco do capitalismo.
RUBEM ALVES: EXISTE OUTRA FORMA PARA ENSINAR.
A escola tradicional não esta preocupada com os desejos e potenciais de seus alunos, o objetivo dela é formar pessoas para o mercado de trabalho. Esta é a constatação que Rubem Alves faz, logo no início de seu livro, que o leva a revisitar a história do boneco Pinóquio, mostrando que, ao se podar a curiosidade e criatividade infantil, se destroem também o sonho e a iniciativa no adulto.
O teólogo, se opõe a todo este sistema conservador e sufocante, deixando claro que essa concepção de educação não traz a real condição de felicidade, primordial para o ser humano. Ele defende, uma educação menos rígida, menos “engaiolada”, ou seja que não se restrinja unicamente a sala de aula, que inicie dentro de casa, com pais responsáveis que não criem expectativas na criança de que a escola “sabe tudo”, porque o conhecimento não se encontra apenas na escola e sim em tudo que vivemos e fazemos. A sala de aula, ponto de encontro social por excelência seria então a “fonte” que inspiraria a todos seus educandos a curiosidade, a criatividade e o respeito às diferenças, assim sendo, não se poderia avaliar estes novos estudantes por meio de notas, como se faz hoje, todos passariam (de certa forma isso já vem acontecendo) e a vida os levaria ao sucesso ou fracasso de acordo com suas livres escolhas.
Seria viável uma educação assim? Formariam-se bons advogados, bons médicos, bons professores? Com certeza sim, porem vale ressaltar que algumas “indústrias” ficariam sem mão de obra, pois alguns cargos não têm a ver com a cultura de certas regiões onde se instalaram. De certa forma seria uma involução no capitalismo, afinal estaríamos “criando” uma geração que daria menos valor ao dinheiro e mais valor a qualidade de vida.
Nesse sentido, os programas curriculares conteudistas e sem significados reais para as crianças cederiam lugares a novos programas feitos por pessoas “mais de perto” que estivesse no dia a dia com eles e que tivesse a sensibilidade de deixar opções para escolhas individuais, visto que uma sala de mais de 30 alunos não se interessaria “apenas“ por um assunto, sendo necessário desenvolver-se grupos de semelhanças, talvez, formando-se subgrupos na mesma sala. Fica até difícil de imaginar, entretanto ao mesmo tempo fascinante, pois implicaria numa mudança radical na maneira de partilhar e formar valores.
Ao final da historia, Pinóquio salvou Gepetto, seu criador, atual papel do pai na sociedade, será que as futuras gerações nos salvariam?
PORQUE PINÓQUIO “AS AVESSAS”?
Carlo Collodi com seu livro Pinóquio, lançado em 1883 criou uma lenda, um personagem impagável que deu origem à frase como “nariz de pinóquio”, entre outras, foi um personagem usado para educar as crianças, visto que tinha muito de pícaro, porem arrependendo-se e sendo bom no final da história.
A intertextualidade porem que traz o Livro do mestre Rubem Alves não se centra neste sentido, e sim no fato do personagem principal ter sido feito de madeira e depois de adquirir sentimentos e conhecimentos a fada ter o tornado “gente”.
Partindo do principio que as pessoas nascem “gente”, e viram “bonecos” nas mãos do sistema escolar o autor demonstra sua inversão, para isso ele usa de uma linguagem poética e prazerosa que leva o leitor ao mundo mágico das fadas e o traz de volta ao cotidiano da vida de crianças que são introduzidas nas escolas de todo o país.
“Sou o intervalo entre meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim”, com esta citação de Fernando Pessoa, o mestre explica sua obra. Levando-se em consideração que todos somos de certa foram frutos do meio em que vivemos e este meio é o resultado da experiência das gerações passadas, das quais herdamos nossos valores, virtudes e defeitos.
Neste caminho “às avessas” mostrado no livro, percebemos as incoerências do nosso sistema educacional e a urgente necessidade de mudanças significativas que tornem a escola mais valorosa no sentido de formar não apenas “funcionários perfeitos” para as fabricas, mas também cidadãos responsáveis, que contribuam para atenuar, porque não dizer combater de frente as desigualdades humanas.
O caminho para esta transformação passa pela reflexão individual de cada um, os pais precisam se assumir, se não sabem algo, falar que não sabem, os professores precisam atentar mais para as curiosidades individuais de cada aluno e menos para os conteúdos programáticos, a sociedade precisa redescobrir novos valores. Seria um novo mundo, onde a paz e o bem estar ficariam em posições bem mais elevadas que o poder financeiro.
Então, concientes que somos, de nossa formação anacrônica e agora também concientes de que podemos passar as novas gerações uma nova forma de entender e perceber o mundo que vivemos, vamos usar como filosofia o pensamento de Voltaire "A felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir." (apud MELLO, http://www.homemdemello.com.br/psicologia/felicidade.html).
( relatorio propriamente dito )
ESCOLA ONDE FOI REALIZADA A ATIVIDADE DE OBSERVAÇÃO:


Colégio Caverna das Idéias situado na Avenida da Felicidade. s/n Centro cep 44000-000 - Orlando- Bahia.
Professora regente: Eli Vaneide Cedraz de Oliveira Barbosa
Séries 1º e 2º ano do Ensino médio e 7ª série do Ensino fundamental.
Horário de Aulas: das 7:00 as 12:00
Instalado em um prédio com mais de 50 anos de construído (foto acima), o Colégio Edna Moreira Pinto Daltro funciona no mesmo endereço, desde sua criação em 1956. A Ultima reforma geral aconteceu a mais de 15 anos, sendo que há 6 anos atraz, foi incorporado ao colégio um novo pavilhão, composto de 4 salas de aulas, doadas pela prefeitura. Seu modelo arquitetônico representa as construções escolares do século passado onde o conforto não foi lembrado no momento do planejamento e execução da obra.
A diretoria/secretaria dividem o mesmo espaço, mínimo, apertado. O mesmo acontece com o Almoxarifado/cantina que funcionam de forma improvisada e em regime de “aperto total”. Não existem laboratórios de ciências, e a sala dos professores também funciona como biblioteca, dividindo espaço com o local onde ficam os computadores, que chegaram em 2005 e, ainda não tem acesso a internet. A falta de cobertura prejudica a passagem dos alunos/professores em dias de chuva, pois os pavilhões são separados. O mesmo acontece com relação ao “piso” que chamam de quadra de esportes, sem cobertura, sem traves de futebol, ou equipamentos para outros esportes , na verdade é apenas um espaço “acimentado” que termina sendo mal aproveitado em um local onde deveria ser tão bem utilizado.
Como recursos audiovisuais o colégio dispõe de um dvd e uma tv de 20 pol que serve as 8 salas existentes, que funcionam nos três turnos de forma ininterrupta.
Atualmente o colégio já dispõe de servente na portaria, o que melhorou um pouco a vida de professores/diretores em atender a população, esta por sua vez tem um verdadeiro “caso de amor” pelo colégio, sendo este o mais procurado da cidade, pois mantem a décadas uma imagem séria ,responsabilidade e de plena sintonia com a comunidade. Os procedimentos burocráticos de atendimento aos pais são rápidos e simples, as reuniões pedagógicas acontecem na normalidade.
Sem dúvida é uma escola que merece mais atenção do governo estadual, no sentido de uma ampla reforma, pois no quesito relacionamento humano esta em boas mãos, o que mantem a escola funcionando, é o esforço pessoal de seus diretores e professores.
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ENTREVISTA COM A PROFESSORA REGENTEDA 7ª SÉRIE:

Na 7ª série Observei as aulas da professora, Iridan Pereira Araújo Oliveira a qual entrevistei de forma impessoal devido ao excesso de serviços da mesma, por estar ainda cursando letras envie-lhe um questionário com minhas perguntas e dias após ela me devolveu com suas respostas, transcrevo-as a seguir.

JO - Há quanto tempo à senhora ensina, e quais os colégios que já passou?
Iridan – Trabalho em educação há 27 anos. Colégios CENEC, Municipal e Estadual (todos em Capim Grosso – Ba)
JO – Como você ver o ensino de Literatura?
Iridan – Minha visão sobre o ensino de Literatura é que não podemos considera-la como algo desvinculado da leitura. Devemos considerar no ensino de Literatura, a escolha de obras literárias, e a sua leitura prioritariamente devem contemplar as preferências pessoais dos alunos pelo prazer de ler.
JO – Qual a rotina mais usada nas suas aulas para o ensino da Literatura?
Iridan – Privilegiar a literatura feita por escritores/poetas representantes de várias práticas culturais, ressaltando a literatura produzida por escritores negros do Brasil e em países africanos de língua portuguesa, não só os clássicos, como Lima Barreto e Machado de Assis, mas toda uma geração contemporânea de escritores que podemos encontrar disponíveis até na Internet.
JO – Leitura, Interpretação de texto literário, e atividades de avaliação ficam melhor se acompanhados de projetos interdisciplinares? Você concorda? Existem estes projetos na escola que você trabalha?
Iridan – Na escola em que trabalho, não existe projetos interdisciplinares até a 8ª série que é a parte da escola onde eu ensino. Algumas vezes é preciso gastar horas para organizar materiais e espaços. Em outras bastam alguns minutos. Mas sempre existe um esforço de preparar o trabalho com os alunos. Mesmo os professores mais intuitivos precisam fazer planos. A escola poderia ser como uma orquestra, cada professor trabalhando a interdisciplinaridade em harmonia com os colegas e o grupo com certeza não iria desafinar. Combinar várias formas de trabalho é a essência da arte de ensinar.
JO – Você se sente reconhecida e respeitada na sua profissão de professora?
Iridan – Não. Reformar a educação é uma prioridade mundial. Tudo mudou – a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continua a mesma. Não temos boas condições de trabalho, bons salários e falta tudo na escola principalmente respeito pelo professor
JO – Em uma palavra seria possível definir “ser professor”?
Iridan – Ser professor é ser agente da história.



ENTREVISTA COM A PROFESSORA REGENTE DO ENSINO MÉDIO:

Entre uma aula e outra, naquele momento de um lanche rápido, quando sobra um tempinho mais disponível, tive o privilegio de entrevistar a Professora Eli Vaneide Cedraz de Oliveira Barbosa, e conferir “em palavras” toda a capacidade desta excelente e dedicada profissional, já demonstrada em sala de aula. Eis o resumo a seguir.


JO - Há quanto tempo à senhora ensina, e quais os colégios que já passou?
ELI – Formei-me professora aos 16 anos (2º grau em Magistério), aos 17 ingressei na faculdade de Letras a parti de então, comecei a atuar na área educacional. Tenho mais ou menos 18 a 20 anos de profissão. Passei por escolas infantis: Escola dinâmica, Hora do saber, Castro Alves (Jacobina, cidade vizinha a capim Grosso); na cidade de Piritiba, também perto daqui ensinei nos colégios: Centro Educacional Diocleciano B. de Castro e Almirante Barroso. Atualmente estou lecionando no Edna Daltro, aqui em Capim Grosso.
JO – Como você ver o ensino de Literatura?
ELI – Literatura e leitura estão interligadas. Uma não existe sem a outra. A Literatura “é a arte da palavra” e para que você possa entende-la é preciso gostar de ler e/ou adquirir o hábito.
JO – Qual a rotina mais usada nas suas aulas para o ensino da Literatura?
ELI - Nas aulas de Literatura costumo analisar textos: poemas e romances e realizar leitura cinematográficas (assistir a filmes que contextualizem o movimento literário em estudo).
JO – Leitura, Interpretação de texto literário, e atividades de avaliação ficam melhor se acompanhados de projetos interdisciplinares? Você concorda? Existem estes projetos na escola que você trabalha?
ELI – Sim, concordo plenamente com sua afirmativa. Agora, no próximo mês de Setembro, estaremos colocando em prática o projeto Contos e Re (contos) “uma chave mágica para a descoberta”
JO – Você se sente reconhecida e respeitada na sua profissão de professora?
ELI – A educação em nosso país é relegada a último plano. Para ser professor, ou melhor dizendo, O Professor é preciso realmente gostar da profissão, pois são poucos os que reconhecem o nosso trabalho. Entretanto, me sinto realizada, porque faço o que gosto e sei que o reconhecimento só vem depois. Existem ex-alunos que tiveram tal atitude.
JO – Em uma palavra seria possível definir “ser professor”?
ELI – Eu não usaria uma só palavra, mas várias e cito uma “frase” cujo autor não me recordo no momento: “ser professor é ser artista, malabarista, médico, psicólogo, mãe, pai ...”. Enfim é ser de tudo um pouco para lidar com as diferenças.



DIÁRIOS DE OBSERVAÇÃO:
Turma 1 - Série 7ª do ensino Fundamental - profª Iridan

Diário 1 -------------------- Segunda feira, dia 03/09/2007 as 8:20 -------------------------
Após um bom dia e um pouco de conversa informal com os alunos, a professora iniciou a aula revisando e corrigindo exercícios passados na aula anterior com o assunto de verbos. Em seqüência solicitou aos alunos que abrissem o livro didático nas paginas 141/142 e lessem com atenção os poemas de números 1, 2 e 3. Os poemas foram nº 1 “moça linda bem tratada”, de Mario de Andrade; nº 2 “A um poeta”, de Olavo Bilac e nº 3 “canção da Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós.
O maior tempo da aula foi ocupado com o assunto verbo, apenas no finalzinho foi que a professora introduziu a leitura dos poemas, os quais não foram analisados, serviram apenas como algo para relaxar após uma aula de verbo, assunto que a turma não gosta muito. Grosso modo, a leitura dos poemas serviu como introdução ao assunto, preparando os alunos para o que virá a seguir em próximas aulas, percebi que a professora deixou tempo para que os alunos tentassem entender os poemas, apesar de os mesmo serem de difícil compreensão.

Diário 2 -----Quarta feira, dia 05/09/2007 (aulas geminadas) das 8:20 as 10:00 -----
Após o inicio da chamada ainda chegaram alguns alunos, com eles completaram 44 na sala, a professora retornou aos poemas lidos na aula anterior, dividindo os alunos em 10 grupos, os quais fizeram uma leitura “silenciosa” dos textos, discutindo entre os próprios sobre o sentido dos poemas em seguida aconteceu um debate entre os grupos, tentando explicar os poemas, com isso a compreensão dos textos foi tentada, porem não conseguida. A professora então, explicou que nos dias de hoje, é natural que não aconteça uma compreensão fácil destes textos devido às mudanças na língua portuguesa com algumas expressões entrando em desuso, destacou o termo “plutocrata”, que era utilizado para definir alguém com grandes posses financeiras e que por isso se “sentia” superior aos outros. Falou também das datas dos poemas esclarecendo que “Canção da Ribeirinha”, segundo alguns historiadores foi escrita entre os anos de 1189 a 1198 (bem antes do descobrimento do Brasil) e que “A um Poeta“ foi escrito entre 1881 a1902 (bem depois do descobrimento do Brasil) e que “Moça linda bem tratada” foi entre 1922 a 1945. Devido a isso, este último seria de mais fácil compreensão, ressaltou que neste poema o autor caracteriza uma família de sua época, e passou como tarefa para os alunos trazerem na próxima aula um poema que caracterize uma família nos dias de atuais.
Foi uma aula bastante participativa, onde prevaleceu o estilo mediador de ensinar facilitando e estimulando o aprendizado. Os alunos por sua vez perguntaram sobre a evolução da língua e mostram se interessados em entender os textos, já que agora sabem mais sobre a forma de escrever de séculos passados.

Diário 3 --- Quinta feira, dia 06/09/2007 (aulas geminadas) das 10:20 as 12:00 ----
A sala já estava agitada com conversas paralelas que falavam dos poemas feitos pelos alunos quando a professora chegou, cumprimentou-os fez a tradicional chamada e começou a organizar a leitura dos mais variados poemas, os quais havia solicitado na aula anterior, caracterizando uma família atual, a maioria da sala fez, entre eles destacaram-se os alunos Alife de Jesus Almeida e Isadora Alves de Oliveira que apresentaram textos com rimas e com palavras vistas como modernas, tipo e-mail e vídeo conferência. A professora leu todos, fez referências ao poema original (Moça linda bem tratada) destacando que o mesmo foi escrito durante o período literário chamado de modernismo, o qual foi essencial na valorização da cultura brasileira. Já na finalzinho da aula solicitou que os alunos abrissem seus livros didáticos na página 212 para estudares “Acessórios da Oração”.
Os alunos participaram ativamente da aula com seus textos um tanto quanto “econômicos” porem bem de acordo com a realidade de nossa cidade. Apesar do tempo curto e do excesso e alunos em sala os poemas feitos em casa mostraram que o aprendizado aconteceu, faltou ao meu ver um maior aprofundamento na explicação dos poemas originais. O livro didático é muito bom e o fator sócio histórico dos poemas poderiam ser melhor trabalhados.



Turma 2 - Série 1º ano do Ensino Médio - Profª Eli Cedraz

Diário 1 ------Terça feira, dia 21/08/2007 as 07:30 (aulas geminadas).--------
Ao chegar na sala, a professora cumprimentou rapidamente a turma, fez a chamada, havia 36 alunos presentes, ela então passou e entregar as provas corrigidas da II unidade. A prova teve como assunto principal o trovadorismo, partindo deste ponto à professora fez uma revisão geral do assunto, destacando os pontos em que os alunos tiveram menor desempenho na prova, frisou bem o contexto sócio-histórico do trovadorismo, feudalismo, teocentrismo, com referências as cantigas líricas, de amor, de amigo, as cantigas satíricas de escárnio e mal dizer. Repassou rapidamente sobre a produção cultural da II época medieval, a poesia palaciana, destacando Fernão Lopes. Terminando o primeiro horário e já tendo fechado a II unidade passou-se a iniciar a III para isso entrou no período chamado humanismo, como exemplo deste período falou sobre Gil Vicente, que influenciou Ariano Suassuna, autor do “Auto da Compadecida”, a professora trouxe o dvd do filme o qual foi mostrado na sala, porem como o tempo foi insuficiente ficou restando um pouco para a próxima aula.
Percebi que a professora, tem o papel de mediadora da turma, se mostra sempre solicita a atender os alunos e existe um entrosamento entre ambos, apensa da aluna de nome Adígina se mostrar indisciplinada e irresponsável, a professora manteve a calma e demonstrou segurança durante toda a aula.
Notei que esta turma é mais tranqüila e dedicada, tenho a impressão que o conforto influência no aprendizado, devo ressaltar que esta sala é mais ventilada e maior que a da 7ª série. A escolha da professora por mostrar o filme reforçou o tema deixando a Turma mais interessada e reforçando o aprendizado

Diário 2 ------Quinta feira, dia 23/08/2007 as 09:10 as 11:10 (aulas geminadas).------
Seguindo a assunto deixado na aula anterior, e auxiliada pelos alunos a professora colocou no dvd a ultima parte do filme “auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, porem antes recapitulou que Ariano foi influenciado por Gil Vicente, este por sua vez introduziu o teatro leigo em Portugal, advindo do teatro “cristão”, e que por isso existe esta mistura de personagens comuns com personagens “sacros”.
Após algumas tentativas frustradas de passar o filme (o dvd “engasgou”), a professora desistiu e solicitou a alguns alunos que abrissem o livro didático na página 65 e lessem o finalzinho do filme. A leitura foi feita em voz alta e toda a turma participou, lendo ou comentando sobre o tema. Em seguida a professora passou questões relacionadas ao filme e ao texto lido e os alunos responderam em sala de aula.
Foi uma aula atípica, marcada por diversas tentativas de colocar o dvd para funcionar, creio eu que o filme veio de origem duvidosa, visto que a qualidade da imagem não era boa. Em relação a aula foi bastante proveitosa devido a participação dos alunos, demonstrando interesse no assunto. A professora demonstrou criatividade ao modificar seu plano original que era passar o finalzinho do filme, porem teve que apenas lê-lo no livro didático.


Diário 3 --Terça feira, dia 28/08/2007 – aulas geminadas – das 07:30 as 09:10.—
O assunto destas aulas foi “o poema”. A professora apresentou o texto de Carlos Drummond “Ao amor antigo”. Explicou sobre o verso e a estrofe, definiu o que era cada um, falou das estrofes: Dística, terceto, quarteto (quadra), quintilha, sexteto, sétima, oitava, nona e décima. Falou da rima, do ritmo da aliteração e da assonância.
Foi uma aula participativa , seriam duas, pois o assunto continuou, eu me retirei no primeiro horário, pois havia completado minhas cinco aulas observadas, Porem até onde eu estive presente devo ressaltar que o rigor “métrico” do ensino dos poemas não despertou tanto interesse nos alunos, quanto o fato de assistirem filmes, o uso do material “quadro e giz” talvez deixem a escola com um aspecto cansativo que interferem no aprendizado, o aluno de hoje talvez já não t4nha paciência suficiente para se focar de forma espontânea apenas no assunto principal, acostumando-se com o ensino mais “divertido”.



Turma 3 - Série- 2º ano do ensino Médio - Profª Eli Cedraz

Diário 1 -----Terça Feira, dia 21/08/2007 – aulas geminadas –das 10:30 as 12:00.---
A professora explicou que esta turma esta terminando o assunto da segunda unidade, que é romantismo, para isso irá passar para a sala um filme, chamado “O amor pode dar certo” e que os alunos devem tentar perceber as características românticas nos dias atuais e compara-las com as estudadas nas aulas anteriores.
Após o filme, a professora combinou com algumas equipes, que haviam sido divididas anteriormente, que nas próximas aulas serão para que as mesmas apresentem seus trabalhos, com base nos livros que cada uma delas têm para ler e apresentar na sala.
A aula transcorreu em relativa calma, os alunos prestando atenção no filme, que conta a historia de duas pessoas com “câncer” que se apaixonam, morando em uma grande cidade, mostra os dramas de cada um em um clima de quem faz o que quer, afinal, já estariam “condenados” a morrer. Percebi que esta professora gosta de usar muito o gênero filme, visto que fez algo parecido na turma anterior, porem com tema bem diferente, a maneira mediadora que ela ensina encanta a turma e transforma o aprendizado em algo dinâmico e agradável.

Diário 2 -------Quinta feira, dia 23/08/2007 das 7:30 as 9:10.(aulas geminadas)--------
Uma das equipes formadas na sala, orientados pela professora ficaram de estudar o romance “Senhora”, de José de Alencar, um dos mais conhecidos autores do romantismo brasileiro, essa equipe fez, o trabalho em casa, gravou em um dvd e o apresentou na sala, o trabalho consistia em apresentarem para toda a turma uma das cenas existentes no livro. Após a apresentação um dos membros da turma explicou sobre o livro, sobre seus personagens, bem como respondeu perguntas de toda a turma em relação ao trabalho feito. Dando seqüência outra equipe apresentou o seu trabalho, da mesma forma, em dvd, esta sobre o livro “Memórias de um Sargento de milícia” de Manuel Antonio de Almeida. Aconteceu o mesmo da equipe anterior, demonstraram conhecimento e responderam as questões levantadas sobre o livro. A professora finalizou a aula agendando duas outras equipes para apresentarem seus trabalhos na aula seguinte.
O tema romantismo foi bem apresentado, levando se em consideração que os alunos usaram nas gravações roupas estilizadas, realmente parecendo da época em que foram escritos os livros, os textos também continham palavras que hoje já não são mais tão usadas, foi uma aula interessante onde o processo ensino/aprendizagem foi desenvolvido de forma natural, com uma parte da sala estudando detalhadamente um livro e conseguindo repassar para toda a turma, ao responderem perguntas dos colegas de sala de forma espontânea o conhecimento foi socializado.
O gênero romântico desperta na turma certos entusiasmos, talvez devido à idade da maioria que têm entre 15 a 20 anos, porem eles percebem que em outras épocas a liberdade era bem menor.
Diário 3 ----Terça feira, dia 28/08/2007 – aulas geminadas –das 10:30 as 12:00.------
A professora fez a chamada, falou informalmente com os alunos sobre a prova do enem (realizado no ultimo dia 26), a maioria da turma achou o tema da redação “o desafio de se conviver com a diferença”, muito bom, esperam ter um resultado de bom para ótimo. A equipe que hoje se apresentou, preferiu usar o teatro como forma de mostrar o seu trecho preferido do livro “O guarani” de José de Alencar. Fizeram a apresentação em plena sala, com roupas e palavreado típicos da época, um verdadeiro espetáculo. Seus membros responderam todas as perguntas e demonstraram conhecimento das características do romantismo, bem como domínio das técnicas de representarem. Na seqüência deveria ser apresentado um trecho do livro Inocência de Visconde de Taunay, o que não aconteceu pois a equipe não teve como gravar o dvd. A professora falou que as outras equipes devem ler os livros passados e falarem de forma oral na próxima aula. Elogiou a turma que apresentou nesta data deixando claro que “ao vivo” em forma de teatro ficou bem mais audível e interessante, encerrou os trabalhos da 2ª unidade e avisou que na 3ª o tema será “realismo”.
Foi a melhor aula que assisti, tanto neste estágio quanto no anterior, em forma de teatro, animou toda a sala , que entendeu bem melhor o assunto, os alunos demonstraram espontaneidade e a professora fez muito bem seu papel de mediadora do conhecimento, fica uma boa impressão desta turma, bem ao contrario da turma observada por mim no estágio anterior (colégio Jose Mendes de Queiroz), de onde tive uma visão bastante pessimista do ensino em Capim Grosso.
O Colégio Edna Daltro, em especial as turmas observadas por mim neste estágio e regidas pela professora Eli demonstram que ainda existe esperança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS:





Neste segundo estágio de observação, agora com a disciplina Literatura, decidiu faze-lo inteiramente no colégio Caverna das Idéias, visto que no estágio anterior havia escolhido dois colégios, e este foi o que melhor se mostrou em todos os quesitos, apesar de ter a estrutura física bem inferior ao outro existente no município.
Foi uma escolha acertada, agora com mais de meio ano letivo passado, o colégio continua com uma qualidade respeitável em relação aos outros, salas limpas, arejadas, professores capacitados e um estágio de literatura tranqüilo e rápido.
Alguns pontos, porem devem ser observados mais atentamente: a) a questão referente aos recursos audiovisuais, precisa ser mais bem distribuída, visto que o colégio dispõe de apenas uma tv e um dvd para atender a 8 salas de aula; b) construção da quadra poliesportiva, não se deve aceitar uma escola com mais de 50 anos, que atende tão bem a sua comunidade sem esta construção; c) construção de uma cobertura, que “ligue” um pavilhão ao outro, com isso não se molhariam alunos e professores nos dias de chuva , nem tomariam sol no outros dias.
Quanto ao trabalho feito em sala de aula e secretaria, vejo como sendo o melhor possível, dentro das condições de trabalho que a estrutura oferece, seria sair da realidade se pensar em fazer mais, tendo como ferramentas apenas as mesmas de décadas atrás mesmo assim, a criatividade, que se pode confirmar no “blog” da escola, mostra que muito se tem feito nesta instituição escolar.
A participação dos alunos nestas aulas me deixou esperançoso de que alguma semente brote, deste solo arenoso, que é o sistema escolar neoliberal, presente em Orlando(cidade) e no país.




Referências:

ALENCAR, José Martiniano de. O Guarani. Col L&PM pocket. Porto Alegre:L&PM, 2002.
_________________. Senhora. 34 ed. Série Bom Livro.São Paulo: Ática, 2000.

ALMEIDA, Manuel Antonio de; Memórias de um Sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Ediouro,1997.

ALVES, Rubem. Pinóquio às Avessas: Uma estória sobre crianças e escolas para pais e professores. Campinas/SP: Verus,2005.

AMARAL, Maria R. do. Pinóquio. Disponível em <http://www.techs.com.br/meimei/historias/historia78.htm.> Acesso em 22: set. 2007.

ANDRADE, Carlos Drumond de. Ao Amor Antigo. Disponível em <http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/aoamor.htm> Acesso em 23: set. 2007.

ANDREATO, Elifas. et al. Papo Cabeça Pra Pensar. In: Construir Noticias. Disponível em < http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=618> Acesso 20: set. 2007

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar.Português: linguagens. Vol Único 1. ed. São Paulo: Atual, 2003.

COLÉGIO ESTADUAL EDNA MOREIRA PINTO DALTRO. Disponível em <http://www.colegioednadaltro.blogspot.com/.> Acesso em 22: set. 2007

MARAFON, Renato. O Amor Pode Dar Certo.(Crítica) Disponível em <http://www.cinepop.com.br/criticas/amorpodedarcerto.htm > Acesso 23. set. 2007.

MELLO, Márcia Homem de: Felicidade, Que sensação é esta?. Disponível em <http://www.homemdemello.com.br/psicologia/felicidade.html.> Acesso em 22: set. 2007.
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4 comentários:

  1. Orlando, estou no quarto periodo do curso de historia, e estava bastante preocupado sobre como fazer o meu relatio de observação, mas depois analizar o seu pode ter uma ideia de como proceder. Obrigado.

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  2. orlando estou no ultimo ano do magisterio,e nao sabia como fazer um relatorio de observaçao,depois de ler o seu conseguir fazer o meu com grande exito.Obrigado

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  3. Orlando,estou iniciando meu estágio e gostei muito de conhecer as suas experiências como estagiário.

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