19 de julho de 2010

OUTRO DIA NO FÓRUM...


O maior bem que podem tirar de nós é a nossa paz.
Segunda feira, 19 de julho de 2010. Estou no Fórum, aliás estamos nós, Eu, a Mira, e o José João. São algo em torno de meio dia, não sei direito, resolvi não olhar as horas no celular, decidir papear com meus companheiros enquanto esperamos a inicio das audiências que falarão mais para a justiça sobre a tentativa de assalto frustada que aconteceu na minha loja.
Aconteceu há alguns meses atraz, tento não lembrar, pois só gosto de rememorar os bons momentos, os ruíns tento esquecer, passar uma borracha, apagar mesmo. Afinal para que ficar "mexendo na ferida"?
Mas, nesta situação é impossivel, e inevitávelmente, vem na mente os fatos acorridos naquele finalzinho de tarde, inicio de noite, na hora de fecharmos a loja. Havia chegado algumas mercadorias e mesmo no momento de fechar o comércio resolvi arrumar um paconte de fósforos.

Eu estava a aproximadamente uns cinco metros do caixa da loja, quando ouvi um grito da funcionaria do caixa, algo assim, tipo Aí meu Deus! Instintivamente meu corpo foi na direção e aí eu vi:  Havia um homem atraz dela, um homem todo coberto de preto, mesmo estando tudo ficando escuro lá fora, ele estava totalmente coberto, um capacete na cabeça, com viseira preta impedia de ver a face, blusão escuro, calça escura, sapatos  negros...
No meu impulso cheguei rapidamente no lado do caixa e ele resolveu abandonar a funcionária do caixa e vim tomar a minha frente na porta de saida. Eu ouvi: vou te matar!! Vou te matar!!.

Me senti já morto... e nesta hora foi que vi que ainda estava com metade do pacote de fósforos na mão e numa tentativa desesperada atirei os restos de fósforos contra a arma apontada pra mim, a poucos centimetros, neste mesmo momento me joguei contra o ser que me ameaçava...

Pensei estar segurando o braço dele, mas não estava, e no meio da confusão ouvi o estalo do tiro e senti um fogo queimando a minha pele do pescoço, no meu pensamento ele havia errado e a bala havia passado de raspão por fora da pele, mas caí e mesmo assim segurei-o pela perna e ele tambem caiu e continue segurando e fui pra cima dele e tirei o capacete, olhei pra cara e não sabia quem era.

Chegaram pessoas ajudaram a segurar, um deles chegou querendo bater no assaltante, não deixei, falei apenas ajuda a segurar, afinal ele ja tá dominado, ouvi a resposta: Ele te dar um tiro no pescoço e tú não quer que bata nele?. Só aí fui perceber o tiro. passei a mão e a parte traseira do colarinho da camisa estava molhada de sangue. Respirei fundo para ter certeza que ainda estava vivo.

Ouvi do rapaz que havia chegado: quer que te leve no hospital? Falei : Sim... Já havia uma pequena multidão, pedi que o seguressem até a polícia chegar e fui com o rapaz do carro, ele parecia mais afobado do que eu, desceu pela Rua Pinheiros, pois o povo havia tomado a passagem para a Av. Rui barbosa, fez a curva na esquina da padaria do Zé e se foi para o hospital, depressa, passando sem frear pelos quebras molas, bati minha cabeça no teto, tentei brincar com ele falando que agora sim eu iria me machucar, ele me deixou no hospital, lembro ter agradecido, mas quero deixar aqui de novo registrado o meu enorme agradecimento, desculpa não lembrar seu nome, mas de novo, muito obrigado!

No hospital fui atendido rapidamente e respondi mais de uma vez a pergunta: Você esta sentindo gosto de sangue na boca? felizmente eu não sentia, respondi a quantidade de dedos que me mostraram e falei que não sentia-me mal, só sentia um "queimor" na pele do pescoço, rapidamente mandaram uma ambulância me levar.

Uma amiga de Infância resolveu me acompanhar e tambem a minha esposa, dentro do carro as duas choravam e rezavam ao mesmo tempo e fora dele uma pequena multidão se formou, eu mesmo imobilizado na maca, acenei pra todos que estava bem, que estava consiente, mesmo assim uma repórter do jornal local apareceu de supetão e tirou uma foto de um ángulo horrivel (onde eu parecia bêbedo) e alguns dias após publicou... Não gostei. mas respeito a imprensa e acho que da forma errada, as vezes terminam ajudando.
Paramos em Feira de Santana, fomos á hospitais particulares e a pergunta era a mesma: Qual o plano de Saúde? Queremos a vista em dinheiro... nada feito um plano de saude vale mais!!(conheço parentes de pessoas que pagaram durante muito tempo e quando precisaram não foram atendidos); fomos até a capital para um hospital público, o HGE e por um destes acontecimentos que raramente ocorrem, ele estava tranquilo e haviam muitos médicos assitentes, provavelmente alunos de cursos de medicina das grandes faculdades de salvador e assim que cheguei vieram me ver (aprendizado?) De novo as perguntas, gosto de sangue? tontura? desmaio? nada... Olharam o ferimento e ficaram impressionados: Não sente nenhum destes sintomas?
Em pouco tempo, passaram alguns exames, e em menos de uma hora fizeram todos lá mesmo, era sair de uma sala, entrar em outra e fazer rapidamente.

Olharam os resultados nada de grave, poderia até liberar pra voltar, mas precisaria da assinatura do chefe (ou professor) do setor,  este veio depois de algum tempo olhou, olhou e quase não acreditou no que viu.. assinou, carimbou e pediu pra ficar  pois um especialista olharia tudo de novo na manhã seguinte. Dormi o resto da noite lá em uma maca, no corredor a minha esposa junto e a amiga de infância na portaria, na manhã seguinte, após outra breve averiguação do especialista, voltei pra casa.
Agora estou aqui, vou depor e quando voltar pra casa postarei este artigo, se encontrar uma imagem do forum "bonita". Pois esta nova casa da justiça da nossa cidade esta acochegante, tudo novinho tão confortável que até passa a ilusória sensação de que estamos em outro lugar e não em um teto construido para tentar fazer justiça, a justiça possível, afinal nada trará para os que trabalham na minha loja a paz que tinhamos e que perdemos na hora de fechar. Fechar a loja, para gente, se tornou o pior momento do dia!

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