20 de março de 2010

Primeira Postagem

O que eu poderia dizer pra iniciar a minha primeira postagem nesse blog, ou mesmo, o que eu poderia postar?! Bem! Acho que não seja difícil escrever, mas acredito que seja um pouco intimidador escrever para outras pessoas, mas eu também acredito que posso contribuir um pouquinho para curiosos e fãs da língua e da literatura. Então vou começar com com um pequeno, mas de grande conteúdo poema de Manuel Bandeira , o qual analisamos em uma aula de literatura brasileira que diz assim:



Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
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— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
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A morte, uma certeza misteriosa da vida...

Manuel Bandeira retrata no poema a morte como acontecimento natural, no sentido em que a morte permanece sempre dentro da vida tendo na vida também o seu próprio fim. Por meio de uma linguagem simples e até mesmo cômica ele mostra a enfermidade transformando-a em algo sereno onde parte dos sintomas para o diagnóstico de morte. A morte, algo previsto naquele momento se juntava a sensação de que muitas coisas ficariam por fazer, talvez sonhos não realizados ou desejos frustrados.
Ai vem a última oportunidade:
“— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”
Esses versos mostram o diagnóstico de morte dado pelo doutor e também uma sugestão, a qual mostra a oportunidade de ainda aproveitar o pouco tempo que lhe resta e fazer algo diferente.


A temática característica do autor em relação ao poema Pneumotórax apresenta uma visão desiludida e irônica da vida, mostrando uma melancolia profunda que gera, às vezes, uma visão surrealista com final inesperado ou um desejo de mudança.

Um comentário:

  1. É Dani... Viver a vida , enquanto ainda se tem alguma força, algum sabor a perceber, algum som gostoso de escutar...
    enquanto a tosse não chega...!

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