A democracia é trabalho de todos, é união de esforços no sentido amplo de organização social, ela inclui todas as formas de liberdade, todas as crenças, tudo o que possa ser compartilhado.
Na democracia vence o que conseguir maior números de adeptos. E é aí que começa a disputa entre as forças que existem no país. Mesmo quando há uma ditadura existe uma "democracia de poucos", porque ninguém consegue resolver tudo e entender de tudo daí é natural delegar poderes.
No Brasil pós ditadura, nasceu uma democracia livre, logo após a "democracia de poucos" elegeu Tancredo Neves, é neste contexto que vou divagar sobre como se faz um Presidente.
Ainda na ditadura, começou a ganhar forças o MDB (movimento democrático brasileiro) e ele foi o responsável pela eleição de Tancredo, ou seja Tancredo foi o fruto da luta do MDB, porem como acontece (as vezes com freqüência), o sonho não vingou, pois nestes momentos sempre é necessário fazer composições e o vice não era do MDB, era do PDS, antigo ARENA, filho da ditadura. Felizmente foi um Senhor chamado Sarney, que com capacidade soube levar o país na paz durante a transição da "democracia de poucos" para a democracia livre. Foi xingado pelo seu sucessor e teve a grandeza de passar lhe a faixa.
Então Sarney não foi um presidente feito por um momento histórico, a presidência caiu-lhe no colo.
As lutas pelas eleições diretas fez nascer um novo líder, o Lula, porem o poder exercido pela imprensa fez de Fernando Color o presidente. Color foi o presidente "criado" pelas revistas, jornais e tvs, era destaque em todos, era o caçador de marajás! na verdade aquele era o Tempo do Lula ganhar, aquele era o tempo do Lula "puro" na época certa para realizar o sonho daquela geração.
Color fez o que todos fazem, usou de seu poder para beneficiar-se e a seus amigos, na moda das CPIS foi corajoso assumiu, não escondeu-se atraz de amigos e foi "eliminado". A presidencia de novo cai no colo do vice, Itamar Franco não foi "feito presidente", teve que ser presidente.
Itamar, chamou Fernando Henrique para ministro e aí sim um presidente foi feito. Ele fez um ótimo trabalho como ministro, seu nome foi largamente elogiado e ele ganhou a eleição em cima do Lula (chamado de sapo barbudo pelo Brizola) Fernando Henrique foi o primeiro presidente "planejado" pelo grupo no poder. Ganhou duas eleições, todas derrotando o Lula, que de tanto perder, perdeu o sentido, passou a "cuspir no prato que comeu" e na sucessão de Fernando Henrique já não era mais Lula, era uma caricatura do que havia sido um dia.
Fernando Henrique, que tinha um vice do PFL (divisão do PDS, ex arena) não queria abrir mão do cargo para um presidente que não fosse do seu partido e isso incluía até o PFL. Então tratou de "eliminar" a concorrência, na época Roseana Sarney (filha do ex presidente), esta ganhava destaque nacional e nas pesquisas pré lançamento de candidaturas aparecia com larga vantagem sobre o candidato do PSDB e sobre, adivinhe quem? O Lula. Mas o PSDB não se deu por vencido, "flagrou" falcatruas na empresa da Roseana, acabou com as chances dela virar presidente e a eleição "caiu" no colo do Lula.
O Lula, eleito era um outro Lula, depois de 3 derrotas consecutivas, com um enorme ônus tratou de fazer, o que todo (ou 99%) dos políticos fazem, socorrer os que o ajudaram a chegar lá, foi descoberto porem não fez como Color, ao contrario fez-se de Surdo Mudo e Cego. Teve o sangue frio de ver seus companheiros de décadas, todos transformados em ministros caírem um por um em desgraça e fez se de BOBO para ser o mais esperto. Para mim o plebiscito do desarmamento (que Lula perdeu) tirou a atenção dos mensalões a ponto de Lula continuar no poder e olha que ele continuou, depois deste fato distribuiu os cargos de tal forma que nunca mais houve uma CPI que fosse a frente, em vez, de "dar a vara pra pescar' como dizia antes, começo a dar peixe assado e com isso criou um "curral" eleitoral a nível nacional que o levou a segunda vitória.
Mas, como fazer o novo presidente, se os antigos companheiros foram todos eliminados na descoberta do costume brasileiro de "pagar favores, depois de ganhar o governo"? O sábio (e não bobo como se fez passar durante o mensalão) escolheu alguém que não tivesse carreira política, portanto sem "histórico" para ser remexido, escolheu alguém que nunca teve cargo decisivo (assim como o próprio Lula). É assim que se faz um presidente, escolhe-o de antes, dar-lhe um cargo importante, direciona-lhe as maiores verbas e faz-se propaganda dele ao extremo, a população, dominada pelos benefícios dos programas sociais diz amém e ganha -se a eleição!
Lula só esqueceu uma coisa, a liberdade de imprensa, a democracia livre, o direito que todos tem de expor suas idéias, e para surpresa do presidente, os pensadores, aqueles que um dia foram chamados de "formadores de opinião", em sua maioria não concordaram com ele, acreditaram que o melhor para o Brasil seria outra pessoa. Ah... o Lula, o todo poderoso Lula não poderia aceitar, do alto de sua popularidade gritou: "Tem dias em que alguns setores da imprensa são uma vergonha. Os donos de jornais deviam ter vergonha. Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partidos políticos. Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública". Detalhe muitos dos jornais e revistas falaram bem do Lula antes dele ser presidente.
Lula derrotará a impressa ou derrotará o Brasil? Eis a questão! Um presidente precisa ter a grandeza que o Sarney teve, precisa saber que ele "está" presidente e não que é um Rei, saber que tudo passa, inclusive seu mandato, saber que faça seu sucessor ou não, precisa preservar as instituições, pois elas são as bases da democracia, o que o presidente disse, pode ser o primeiro degrau da escada que Hugo Chávez esta subindo, logicamente que o Hugo já passou do 100º degrau.
Faltam poucos dias para uma nova eleição presidencial, vamos todos juntos fazer a democracia sem medos digite na urna exatamente aquilo que sua livre consciência quiser. Vamos lá faça um novo presidente!
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
ResponderExcluirMas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram – se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio-x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo